Teófilo Otoni: PC descarta estouro de pneu e diz que motorista fez 134 km/h no Trajeto
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Publicado em 22/01/2025

A Polícia Civil descartou a possibilidade de que o pneu da carreta bitrem tenha estourado e provocado o grave acidente na BR-116, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, no interior de Minas Gerais, e disse que o condutor chegou a dirigir o veículo de carga a 134 km/h. A informação foi repassada pela Polícia Civil, em coletiva de imprensa, na manhã desta quarta-feira (22). Ontem (21), o motorista foi preso no Espírito Santo.

Em 21 de dezembro, a carreta conduzido por ele transportava um bloco de granito, que se desprendeu e colidiu com um ônibus de viagem, causando a morte de 39 pessoas — entre adultos e crianças. Essa foi a maior tragédia em uma rodovia federal desde 2008.

A violência do impacto chocou até mesmo as autoridades, que compararam com a força de um acidente aéreo. “A força empregada naquele evento foi uma coisa realmente impactante. Comparo com um acidente aéreo de um Boeing, devido à violência que ocasionou aquele número de mortes”, afirmou o delegado regional de Teófilo Otoni, Amaury Tomaz Tenório.

A perícia acredita que a carreta atingiu o coletivo quando ela estava entre 95 a 97 km/h. Mas disse que a velocidade pode ter sido ainda maior em outros trechos: “Ele saiu do Ceará com destino ao Espírito Santo. Durante boa parte desse trajeto, podemos afirmar com certeza que foi feito com excesso de velocidade, chegando até absurdos 134 km”, disse ele. Amaury ainda classificou o episódio como “crime com dolo eventual”.

Pedido de prisão

Além do excesso de velocidade, o pedido de prisão do motorista considerou a ausência dele no local do acidente após o ocorrido, o excesso de carga da carreta, e a não conferência das condições de transporte da carga, a jornada exaustiva de viagem, a falta de descanso adequado e os resultados dos exames toxicológicos.

Em 2022, foi registrado um boletim de ocorrência dizendo que o motorista conduzia um Jeep Renegade quando foi abordado por militares. Na ocasião, os policiais identificaram sintomas de embriaguez. Contudo, o homem se recusou a soprar o bafômetro. “Ele teve um processo e tinha uma liminar (que o autorizava a circular)”, finalizou o delegado.

Uso de drogas lícitas e ilícitas

Ele se apresentou às autoridades, após o acidente, em 23 de dezembro, e teve a urina coletada para a realização dos exames. Neles, ficou evidenciado o consumo das substâncias.

“O motorista permitiu voluntariamente a coleta de sangue e urina em Teófilo Otoni. Esse material foi transportado para o Laboratório de Toxicologia do IML de Belo Horizonte. Lá, foram utilizados equipamentos de última geração, sendo detectada a presença de substâncias lícitas e ilícitas incompatíveis com a direção veicular”, disse o médico-legista Thales Bittencourt.

Ainda segundo ele, depois disso, a mostra foi encaminhada de avião para Campinas, onde os exames foram repetidos e confirmaram o primeiro resultado. Foram encontrados antidepressivos e ansiolíticos — Venlafaxina e Alprazolam.

Thales explicou, ainda, como as drogas atuam no corpo humano: “As substâncias podem trazer efeitos variados. As substâncias lícitas, no caso do Alprazolam, ele é um ansiolítico. Ele é um sedativo e pode trazer sonolência. Já as outras substâncias, no caso da cocaína e do ecstasy, habitualmente, atuam como estimulantes. Eles deixam a pessoa mais alerta até certo ponto, mas, também, podem prejudicar os reflexos”, finalizou.

O acidente

O ônibus de passageiros, uma carreta bitrem e um carro de passeio se envolveram em uma colisão nas primeiras horas do dia 21 de dezembro de 2024, na altura do km 285 da BR-116 em Lajinha, comunidade rural de Teófilo Otoni.

O acidente deixou 39 vítimas, todas do ônibus da empresa Emtram. O veículo saiu de São Paulo com destino a três cidades da Bahia. Havia três passageiros no carro de passeio, do modelo Fiat Argo. Todos sobreviveram.

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