Candidatos denunciam ‘erros absurdos’ em concurso da Ebserh
Publicado em 25/01/2025 07:17
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Profissionais da saúde denunciam que estão sendo afetados por conta de erros da banca organizadora do Enare (Exame Nacional de Residência). A avaliação é realizada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh/MEC), com apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os candidatos alegam haver imprecisões na análise de currículo da prova do Enare 2024/2025. A Itatiaia conversou com duas médicas que estão entre as afetadas. Outras áreas da saúde, como enfermeiros, fisioterapeutas e farmacêuticos, entre outros, também foram alegam que foram prejudicadas.

O exame acontece em duas etapas: uma prova objetiva, realizada em 20 de outubro do ano passado, e uma análise de currículo. Os profissionais alegam que os erros estão na segunda.

Os afetados estão se mobilizando em um grupo com quase 400 integrantes, de diversos locais do Brasil, para cobrar os organizadores do Enare. Muitos deles afirmam que entraram com ações judiciais.

Eles suspeitam que tenham sido afetados pelo uso de inteligência artificial na avaliação dos currículos, informação não confirmada pela banca examinadora.

O período de interposição de recursos se encerrou no dia 16 de janeiro, e o resultado definitivo foi divulgado nessa terça-feira (21).

O início da fase de escolha das vagas começa na próxima semana, no dia 28 de janeiro, mas os profissionais afetados pressionam pelo adiamento.

“Balde de água fria”

A Itatiaia conversou com Agatha Soyombo, médica formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela relata que, apesar de ter concluído a graduação, teve o histórico escolar zerado. A médica afirma que era para ter recebido 50 pontos.

Agatha quer fazer residência médica em pediatria. Ela conta que o Enare é como se fosse um “Enem da área da saúde” e é a porta de entrada para diversas instituições em Belo Horizonte, como o Hospital das Clínicas, o Hospital Odilon Behrens e o Hospital da Polícia Militar de Minas Gerais.

Na justificativa da nota, a banca examinadora copiou e colou um trecho do edital.

Ela também teve a alínea 5 zerada, referente a iniciação científica. Agatha enviou dois documentos que comprovam a realização de dois projetos diferentes.

A médica anexou a documentação e o comprovante com os protocolos em uma ação judicial que está movendo contra a banca examinadora. A reportagem teve acesso aos arquivos.

Agatha publicou um vídeo nas redes sociais denunciando os erros. A publicação já conta com quase 80 mil visualizações.

“Nós estamos de mãos atadas, porque o processo seletivo, a escolha de vaga começa na semana que vem. Então, assim, em pouquíssimo tempo, a gente recebeu esse balde de água fria em uma coisa que é definidora do nosso futuro”, desabafa a médica.

“A gente está vendo ir por água abaixo uma chance que a gente lutou a graduação toda por incompetência do processo seletivo”.

Yasmim Garotti, médica formada pela Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), conta que pagou R$ 330 para se inscrever para a prova de residência médica, preço que ela diz ser “irrisório” perto do custo de toda a preparação.

“Acredito mais um valor de saúde mental e de prejuízo físico, porque muita gente estava na faculdade ou estava trabalhando, e no final, sendo prejudicado por incompetência da banca que está organizando”, desabafa.

“Nada do que a gente está fazendo mobilizando e cobrando tá adiantando. Tem muita coisa errada acontecendo nisso e tem muita gente sendo injustiçada”.

Médica Yasmim Garotti

O que diz a organização do Enare

A Itatiaia havia entrado em contato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh/MEC) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) no dia 9 de janeiro, antes do término do período para interposição de recurso contra os resultados preliminares de inscrição.

Na ocasião, a Ebserh afirmou que “tomou conhecimento de questionamentos de candidatos” e “notificou de imediato a Fundação Getúlio Vargas”.

A FGV informou que faria “a verificação do resultado preliminar da análise curricular”.

Em nota de esclarecimento publicada no Instagram no dia 10 de janeiro, a Ebserh afirmou que alterou as datas do edital inicial para aumentar o prazo para divulgar o resultado preliminar da análise curricular.

A reportagem entrou em contato novamente com a Ebserh e a FGV nessa sexta-feira (24) e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

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