A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) divulgou uma imagem onde é possível identificar qual é o “café fake” ou “cafake”, que acabou repercutindo nos últimos dias nas redes sociais.
A foto precisou ser divulgada, após a ABIC flagrar o produto sendo vendido por R$ 13,99 em janeiro deste ano. Na ocasião, um pacote de 500 g de uma marca de pó saborizado poderia ser encontrado nos supermercados.
O chamado “café fake” ou “cafake” é uma “clara e evidente tentativa de burlar e enganar o consumidor”, disse o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, em entrevista à Reuters.
O produto tem uma embalagem semelhante à do café, mas está longe de ter o mesmo sabor, cor e benefícios da segunda bebida mais consumida no país - ficando atrás somente da água. O item pode confundir consumidores porque tenta imitar as embalagens de marcas famosas — a descrição “pó para preparo de bebida sabor café" fica em letras pequenas, na inferior dos pacotes.
O ‘café fake’ foi encontrado também em prateleiras de São Paulo e da região Sul do país. Em Minas Gerais, o produto original chegou a custar R$ 30, em outras regiões do Brasil, o valor foi a quase R$ 50. De fato, os preços do café estão ‘salgados’ há um tempo.
O aumento foi expressivo no último ano, com a queda de produção devido às mudanças climáticas - o que levou a alta do preço médio do café arábica e conilon.
Produto mais barato e pode não ter café
Outro ponto analisado pela ABIC, é que nem todos os produtos conhecidos como “café fake” deixam claro quais itens são usados na sua composição.
Alguns deles informam na parte de trás da embalagem que utilizam a “polpa do café". Contudo, a ABIC esclarece que a polpa, na verdade, é colada à casca do fruto, ou seja, não pode ser completamente separada dela. A casca, por sua vez, é considerada uma impureza.
Conforme a associação, há outro alerta, já que esses produtos não especificam o quanto de café é utilizado na receita, bem como a quantidade de impurezas presentes.
A entidade ressaltou que já denunciou o caso ao Ministério da Agricultura (Mapa) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porque há preocupação com a saúde dos consumidores, além da questão mercadológica.
Como diferenciar as embalagens?
Primeiramente, o consumidor deve observar se os cafés que estão nas prateleiras dos supermercados tem as certificações da ABIC, na parte frontal, lateral ou traseira da embalagem.
‘Outra observação importante, uma boa recomendação, é o consumidor fazer o download do app Abicafé — disponível no iOS e Android —, através desse app e uma leitura rápida no código de barras de qualquer café, é possível se verificar se esse café está devidamente certificado e em qual categoria ele está enquadrado, tradicional, superior, extra forte, gourmet ou os cafés especiais’, alerta o presidente.
Outro ponto importante que consumidor deve ficar atento é a média de preços que está na prateleira.
“Se o produto está com preços muito abaixo dessa média, não é café, é fraude”, disse Pavel Cardoso, presidente da ABIC.
O coordenador técnico de Cafeicultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), Bernardino Cangussú Guimarães também alerta sobre os preços:
‘O preço médio de um pacote de café de 500g está custando, em média, R$ 30,00, enquanto o “café fake” tem saído por menos da metade. Os cuidados na escolha do café incluem o preparo correto da bebida, para otimizar o uso do pó e extrair o maior sabor possível dos grãos’.
As bebidas à base de café também são uma fraude e não há uma categoria específica para esse produto.