Consumidores e empresários reclamam de preços de Alimentos
Publicado em 07/03/2025 11:06
Principais notícias do Dia

O preço dos alimentos está tirando o sono dos mineiros. Em Belo Horizonte, as reclamações atingem toda escala do setor alimentício e chegam ao consumidor final. Quem opta por comer em casa, enfrentou uma inflação de 6,05% no acumulado dos últimos 12 meses em BH, segundo dados IBGE.

Números do Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead), da UFMG, também apontam elevação no preço da refeição pronta. Comer fora de casa ficou 60% mais caro.

A Itatiaia constatou este cenário nas ruas. Com a elevação no preço no início da cadeia, uma espécie de efeito cascata afeta supermercados, donos de restaurantes e o mineiro que busca o produto nas prateleiras.

“Está um absurdo (preços), né? Você sabe como estão as coisas. Tudo está caro, a carne, tudo aumentou muito”, afirmou o pedreiro Michel de Moura Azevedo.

Já o médico Cláudio Loyola disse que tem ouvido constantes reclamações dos preços dos alimentos em seu consultório. “Está tudo caro. E vem aquela ideia de que, se está caro, não compra. Como é que o cara faz? Se ele está com fome, ele vai ficar sem comer só porque está caro? Está difícil. Os clientes estão reclamando muito. Tudo, não só alimento, como remédio também. Hoje, até a comida a quilo não é qualquer um que pode, não. Está ficando difícil, difícil mesmo”, contou o médico.

Há quem pense que, quando os preços aumentam, os empresários estão ficando mais ricos. Na prática, essa não é uma realidade. Ricardo Hamdan atua no setor de restaurantes há 35 anos. Dono de dois estabelecimentos de comidas árabes na capital mineira, ele conta que os empresários não estão repassando todos os aumentos para os consumidores finais.

“A gente não consegue fazer esse repasse tão automático assim, que vem de reajuste da indústria. Se me permite, o que eu percebo é que é um volume muito grande de dinheiro fica com as instituições financeiras. Sem falar da máquina pública, que é muito cara”, opinou.

Apesar do esforço que parte do empresariado tem feito para absorver os reajustes, o consumidor tem percebido a diferença de preços nos restaurantes. É o que destaca o economista do Ipead Diogo Santos. “Sem dúvida, a alimentação fora de casa em Belo Horizonte tem ficado bem mais cara do que a alimentação na residência. Nos últimos 12 meses, por exemplo, o custo de se alimentar fora de casa subiu cerca de 60% a mais do que a elevação do custo da alimentação em casa”, pontou.

Mas o que pode ser feito para tentar aliviar os efeitos dos reajustes? A Itatiaia levou o questionamento para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O presidente da entidade, Paulo Solmucci, diz que as soluções para o atual cenário passam pela retirada de amarras.

“Como é que a gente poderia conter esse aumento, inclusive, reduzir? O governo desonerar, como já foi aventado pelo ministro (da Fazenda) Fernando Haddad, a folha de salários. Se a gente pagasse menos encargos, teríamos condições de cobrar menos e, melhor ainda, gerar mais empregos e empregos formais, que tendem a melhorar a produtividade, porque o profissional formalizado fica mais tempo na empresa, tem melhor tempo de ser treinado, e, com isso, produz mais e os preços ficam melhores. A solução é por aí, medidas que vão tirando aquelas amarras que nós temos no Brasil para empreender, permitindo preços melhores”, analisou Solmucci.

Comentários