O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) é uma das presenças confirmadas no ato deste domingo (6) na avenida Paulista, em São Paulo, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que pede anistia aos presos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
A ida do governador à manifestação sinaliza uma mudança significativa em sua postura política recente, evidenciando uma aproximação estratégica com o bolsonarismo de olho nas eleições presidenciais de 2026.
No vídeo em que confirma apoio às pautas do ato deste domingo, postado na última quinta-feira (2), Zema abordou temas como perdão e anistia às famílias de bem, com uma trilha sonora de tom próximo ao gospel ao fundo, evidenciando uma busca por ressonância com valores caros a segmentos bolsonaristas e evangélicos.
Além disso, nas redes sociais do governador, os acenos à direita, com críticas ao presidente Lula e ao Supremo Tribunal Federal (STF), têm se misturado - e muitas vezes superado - as postagens com entregas de sua gestão.
Estratégia para 2026
O governador de Minas Gerais ainda não definiu quais são suas intenções nas eleições de 2026, quando serão eleitos, além do presidente da República, governadores, deputados federais, estaduais e senadores.
Zema não pode concorrer novamente ao governo de Minas porque está em seu segundo mandato eleito e lançará Mateus Simões (Novo) como seu candidato. A tendência, no momento, é que o atual governador tente seguir em um cargo Executivo, e, neste caso, só poderia concorrer à Presidência - seja como cabeça de chapa ou vice.
A indefinição ocorre em um cenário no qual Jair Bolsonaro está inelegível até 2030, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O ex-presidente foi condenado por uma reunião com embaixadores estrangeiros, em julho de 2022, transmitida pela TV Brasil, na qual atacou o sistema eleitoral brasileiro.
Encontro com Caiado
Em meio aos movimentos para se posicionar no jogo eleitoral de 2026, Zema se encontrou recentemente com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), em Uberlândia, durante a Feira do Agronegócio Mineira (Femec).
Caiado é pré-candidato à presidência e tem percorrido o país para fortalecer seu nome. O encontro não gerou sinalização oficial de apoio ou composição de chapa, mas abre espaço para especulações sobre possíveis alianças no futuro.
O governador de Goiás tem atraído apoio de figuras como o senador e ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) e o cantor Gusttavo Lima, que, embora não filiado a um partido, já manifestou interesse em ingressar na política.
Mudança de postura
Essa inflexão na comunicação de Zema coincide com a contratação de um novo marqueteiro, Renato Pereira, responsável por moldar sua imagem à nova postura. Pereira já trabalhou com figuras como Sérgio Cabral e Aécio Neves, e sua chegada tem impulsionado um discurso mais crítico ao governo federal.
Recentemente, Zema, por exemplo, intensificou ataques ao PT e a movimentos ligados à esquerda, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ele também se manifestou em defesa de Débora Rodrigues dos Santos, apoiadora de Bolsonaro condenada a 14 anos de prisão por participar dos atos de 8 de janeiro e vandalizar uma estátua do STF. Recentemente, sua pena foi convertida para prisão domiciliar.
Embora ainda não tenha definido oficialmente seus planos para 2026, a participação ativa de Zema em eventos bolsonaristas e seu alinhamento com pautas da direita indicam a orientação que pavimenta o caminho para uma ascensão na política - desta vez em nível nacional.