RESUMO COMPLETO APÓS SE PASSAREM 30 DIAS DA TRAGÉDIA EM BRUMADINHO
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Publicado em 26/02/2019

Em 30 dias de operação foram resgatados 176 corpos e 192 pessoas vivas. Entenda neste especial, dia a dia, como foi a operação

O relógio marcava 12h37 quando a campainha soou no Batalhão de Operações Aéreas, em Belo Horizonte, indicando um novo chamado para o Corpo de Bombeiros. Nove minutos antes, a barragem 1 da Vale, localizada na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), havia se rompido, liberando um “tsunami de lama”. Ao toque do alerta, a major Karla Lessa interrompeu o almoço. Assim começou a maior operação em que atuaria em 18 anos de corporação.

Às 12h53, ela já sobrevoava Brumadinho. Ao ver de perto a área solapada de lama, começava a entender a tragédia que deixou mais de 300 vítimas, entre mortos e desaparecidos.

Em um campinho no Córrego do Feijão, a major chegou acompanhada de um médico, um enfermeiro e o copiloto. Tinham que tomar uma decisão: levariam as duas primeiras pessoas encontradas a um hospital ou procurariam mais sobreviventes. Por causa da gravidade dos casos, optou-se pela segunda opção.

O relato da major sobre o que tinha visto em Brumadinho foi fundamental para que as primeiras decisões fossem tomadas. O que ela disse para o vice-governador, o comandante-geral dos Bombeiros e o comandante-geral da Polícia Militar foi vital para os rumos da maior operação de resgate da história do Brasil.

Dia 1 - 25/01

Logo após o rompimento, trabalhadores da Vale e moradores de áreas atingidas foram fundamentais no resgate de sobreviventes. São vários relatos de quem, após se certificar que estava em segurança, voltou à lama ou para perto dela para ajudar os outros.

Ainda não se tinha uma dimensão exata do que estava acontecendo.O Hospital João XXIII, principal pronto-socorro de Minas Gerais, foi fechado para outros atendimentos que não fossem relacionados ao desastre.

Dia 2 - 26/01

As buscas foram reiniciadas logo cedo. Por volta das 6h, o Corpo de Bombeiros já percorria o mar de lama em busca de sobreviventes e corpos. Foi naquela manhã de sábado que houve o último resgate de pessoas com vida.

Visita do Presidente

Enquanto bombeiros continuavam as buscas, o presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de ministros, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobrevoaram a área. Zema anunciou a ajuda do Exército de Israel: no dia seguinte, eles chegariam para reforçar as operações.

Começo das investigações

Também foi no segundo dia de buscas que as policiais Federal e Civil abriram inquéritos para investigar o rompimento.

Dia 3 - 27/01

Por volta das 5h30, sirenes soaram alertando sobre o risco de rompimento de mais uma barragem da Mina do Feijão, a B6.

As buscas foram interrompidas. Bombeiros, policiais e Defesa Civil foram mobilizados em outra missão: retirar moradores das partes mais baixas da cidade, onde passa o Rio Paraopeba.

No Parque da Cachoeira, a comunidade reclamava da demora de mais de duas horas para a chegada de socorro. Três mil pessoas deixaram suas casas.

As buscas foram retomadas à tarde, quando a situação na barragem B6 foi estabilizada, e duraram até 20h. Um segundo ônibus com vítimas havia sido localizado dentro da área da mina.

Chegada dos israelenses

Naquele domingo, os militares de Minas já contavam com a ajuda de bombeiros de outros estados, como Goiás e Rio de Janeiro. À noite, militares do Exército israelense desembarcaram com 16 toneladas de equipamentos.

Dia 4 - 28/01

As equipes lideradas pelo Corpo de Bombeiros ganharam reforço de mais de 130 militares israelenses. Eles ajudavam nos trabalhos na região onde ficava a área administrativa da Vale.

Foi o primeiro dia em que conseguiram localizar vítimas que estariam no refeitório da Vale no momento do rompimento da barragem. A construção foi arrastada por cerca de 800 metros.

Apesar de estarem tão distantes de onde ficava o restaurante, essas vítimas foram localizadas em meio a móveis semelhantes aos do local. As buscas seguiam concentradas onde havia sido achado o segundo ônibus na área da mina.

Muitas técnicas foram importantes nos trabalhos de busca. Além de sobrevoos e uso de cães farejadores, bombeiros contavam com sonares, equipamentos capazes de detectar a emissão de sinal de celulares e também de calor e imagens por satélite.

Por terra, socorristas usavam cajados para perfurar a lama. Como a lama estava fofa, os pés afundavam bastante, e alguns militares usavam roupas de mergulho, que ajudam a manter a temperatura do corpo e a evitar o contato com o rejeito.

Dia 5 - 29/01

As buscas passaram a contar com 250 militares brasileiros, de Minas Gerais e estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás e Alagoas. Militares de Israel seguiam atuando.

A triste notícia

Após três dias sem resgates de pessoas com vida, os bombeiros admitiram que as chances de localizar sobreviventes eram bem pequenas.

Dois dos corpos resgatados no dia 29 de janeiro eram de pessoas que estavam no refeitório da Vale. Um terceiro foi localizado em um dos ônibus soterrados.

Como o volume de lama havia baixado bastante em alguns pontos, já era possível visualizar alguns corpos ou "segmentos de corpos".

As primeiras prisões

Os trabalhos de investigação também ganharam destaque. Cinco pessoas foram presas suspeitas de responsabilidade na tragédia: 2 engenheiros da empresa Tüv Süd e 3 funcionários da Vale. Os engenheiros prestavam serviço para a mineradora Vale foram detidos em São Paulo. Em Minas, foram presos os funcionários da Vale.

Dia 6 - 30/01

A estimativa era de que os corpos e destroços estivessem espalhados por 9 quilômetros, entre a barragem rompida e o Rio Paraopeba. As buscas aéreas seguiam intensas.

De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), entre os dias 27 e 30 de janeiro, 2009 voos foram registrados em Brumadinho, com uma média de 20 voos de helicóptero por hora.

Só neste dia, foram 527 voos. Ainda não era possível o uso de máquinas pesadas na “zona quente” do desastre, onde corpos e pedaços de corpos eram encontrados já em estado avançado de decomposição.

Identificação das vítimas

Diante da impossibilidade de reconhecimento facial por impressões digitais, exames odontológicos e de DNA começaram a ser feitos para identificação das vítimas. Uma força-tarefa foi montada para essa análise.

Dia 7 - 31/01

Em Brasília, o presidente da Vale afirmou que o rompimento da barragem foi muito rápido

A sirene foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar

Fabio Schvartsman

A mineradora iniciou o cadastro de parentes de vítimas para a doação de R$ 100 mil. O repasse do valor não é uma indenização.

Em um quartel em Belo Horizonte, os israelenses foram homenageados em seu último dia de trabalho.

Em meio à lama, muitos animais resistiam. Até este dia, 57 já haviam sido resgatados.

Já havia também a previsão de que seria mais difícil resgatar corpos: a maioria dos que estavam na superfície já havia sido resgatada.

 

Aihara, de 25 anos, se destacou por sua fala precisa ao passar as informações dos resgates e falar do trabalho dos militares em Brumadinho. Foi tietado por fãs, tirou selfies e ganhou 

Dia 8 - 1/02

Pela primeira vez, foram exibidos vídeos do momento exato em que a barragem se rompeu, engolindo o que havia pela frente.

Brumadinho amanheceu de luto: o letreiro com o nome da cidade foi coberto com sacos pretos. No Córrego do Feijão, militares prestaram uma homenagem às vítimas, lançando pétalas de flores do alto dos helicópteros. Além dos tributos, a operação seguia.

Dia 9 - 2/02

O Corpo de Bombeiros anunciou que havia conseguido chegar ao possível local do vestiário da mina. Foi encontrado mobiliário semelhante ao que havia na edificação. A localização do vestiário foi considerada um avanço importante para as equipes de busca. Na área, haveria um grande número de vítimas.

Com cães farejadores, três possíveis pontos com corpos foram identificados, dando início à estabilização do terreno. Agora, era possível fazer escavações.

Com ajuda de bastões, buracos eram feitos no solo, fazendo com que o cheiro retido na 

Dia 10 - 3/02

A operação foi reforçada por 64 integrantes da Força Nacional. A operação ganhava reforço de máquinas pesadas e começava a ser usado o veículo anfíbio, que facilita o deslocamento das equipes nos locais em que a lama seguia fluida.

Dia 11 - 4/02

O Corpo de Bombeiros reconhece que a operação pode acabar sem que todos os corpos sejam localizados. Em Mariana, as buscas duraram três meses e uma das 19 vítimas não foi localizada. A chuva que atingia Brumadinho naquela segunda-feira alterou a rotina de buscas, atrasando o início da operação.

Dia 12 - 5/02

Além de buscas na chamada zona quente, os militares fazem uma varredura do Rio Paraopeba à procura de corpos com a ajuda de dois botes. Um carro foi encontrado submerso nas águas, mas sem vítimas localizadas.

Fora da prisão

A sexta turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou, em decisão unânime, a soltura dos três funcionários da Vale e dos dois engenheiros da empresa alemã Tüv Süd, que haviam sido presos em 29 de janeiro.

25 e dois botes (6 escavadeiras convencionais, 3 escavadeiras de braço longo, 5 escavadeiras abfíbio, 5 pás carregadeiras, 1 retroescavadeira, 4 caminhões, 1 anfíbio para deslocamento)

Dia 13 - 6/02

25 Cães e dois botes (15 escavadeiras convencionais, 1 escavadeira braço longo, 3 escavadeiras anfíbias, 4 pás carregadeiras e 2 caminhões)

Dia 14 - 7/02

Duzentos e cinquenta aparelhos de geolocalização passaram a ajudar os militares na zona quente. O equipamento permite a localização em tempo real de cada bombeiro, que pode solicitar apoio.

A tecnologia marca quantos passos foram dados pelos militares e por onde eles passaram.

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, visitou a região. Ela disse que o governo federal iria listar barragens em perigo e exigir treinamento para evacuar a população que está em área de risco. Mas não deu prazo para essas ações.

Dia 15 - 8/02

Era madrugada, e as buscas estavam suspensas em Brumadinho. Enquanto isso, moradores de outras duas cidades mineiras eram retirados de casa por causa do risco de rompimento de barragens. Em Barão de Cocais, o nível de alerta foi elevado por causa da barragem Sul Superior, localizada na Mina Gongo Soco, da Vale. Já em Itatiaiuçu, houve alerta para o risco de rompimento da barragem da Mina de Serra Azul, da ArcelorMittal.

Buscando mais fundo

Em Brumadinho, as buscas se concentravam na área administrativa da Mina do Córrego do Feijão com buscas cada vez mais profundas na lama. Para conseguir alcançar esses locais, era preciso estabilizar e fazer o escoramento de estruturas.

Dia 16 - 9/02

As buscas continuaram com 39 máquinas pesadas. Com o tempo firme e sem chuva, 12 helicópteros começaram cedo os sobrevoos.

A área de busca passou a ser dividida em cerca de 200 micropontos, tornando a varredura por corpos ainda mais minuciosa.

A procura por vítimas seguia na parte administrativa da Vale, no ITM, na região da ferrovia e também pelo Rio Paraopeba.

Mudança do QG

Por duas semanas, o posto de comando das operações de busca funcionou em uma faculdade particular, na entrada da cidade. Com início do ano letivo, eles se mudaram para um clube.

Dia 17 - 10/02

O trabalho dos militares e dos cães farejadores seguia intenso no terceiro domingo de operação. Onze aeronaves, além de 35 máquinas, davam suporte a 352 pessoas que estavam na região do desastre.

Dia 18 - 11/02

Neste dia, só houve atualização de desaparecidos, que caiu de 160 para 155.

Dia 19 - 12/02

Os trabalhos eram feitos com reforço ainda maior de máquinas como pás e 46 escavadeiras. Os equipamentos faziam a remoção dos rejeitos, transportados para outro local e analisados em uma triagem, com o objetivo de encontrar corpos e fragmentos humanos.

Documentos divulgados mostravam que a Vale calculava a probabilidade de rompimento da barragem e os custos do eventual colapso da estrutura desde 2017.

No Senado, era dado o último passo para a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com objetivo de apurar as causas do rompimento.

Dia 21 - 14/02

Em Brasília, o presidente da Vale afirmou que a empresa "é uma joia brasileira" e não pode ser condenada pelo rompimento da barragem.

Dia 22 - 15/02

Pela primeira vez desde o rompimento da barragem, os número de mortes confirmadas e de corpos identificados coincidiram: 166.

As buscas seguiam, enquanto uma operação para apurar a responsabilidade criminal pelo rompimento da barragem prendia oito funcionários da Vale em Minas.

Mandados de busca e apreensão foram cumpridos também em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Dia 23 - 16/02

Em Nova Lima, cidade vizinha, o risco de rompimento de barragem mais uma vez levou pânico a moradores da Grande BH. Cerca de 50 imóveis do distrito de São Sebastião das Águas Claras tiveram de ser esvaziados às pressas durante a noite.

Dia 24 - 17/02

Os bombeiros conseguem chegar a novos pontos do galpão conhecido como ITM. Antes, estes locais não ofereciam segurança.

Dia 25 - 18/02

As buscas que estavam concentradas na usina ITM tiveram de ser interrompidas devido à informação captada pelo radar de solo que detectou movimentação do rejeito remanescente na barragem.Os trabalhos foram retomados quando se atestou a acomodação do rejeito. O Ministério da Saúde anunciou que iria acompanhar os profissionais no resgate das vítimas. Cerca de mil profissionais, entre bombeiros, agentes da Força Nacional e Defesa Civil serão monitorados por 20 anos. Não houve atualização no número de mortos e de desaparecidos.

Dia 27 - 20/02

O posto avançado da operação, que era na Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Córrego do Feijão, mudou de lugar. A Defensoria Pública da União viu com preocupação a mudança: o local foi indicado pela Vale e não pelo poder público. Segundo os bombeiros, o novo posto avançado foi instalado em um ponto estratégico, situado na zona rural próximo à zona quente. No 27º dia de buscas, cerca de 125 moradores do entorno de outras cinco barragens da Vale precisaram ser retirados de casas em Nova Lima e Ouro Preto. A BR-356, que liga BH a cidades históricas como Ouro Preto e Mariana, teve o trânsito interrompido.

Dia 28 - 21/02

O Corpo de Bombeiros informou que um almoxarifado da Vale foi localizado debaixo do mar de lama. Havia indícios de corpos lá. Mais seis drones do Corpo de Bombeiros de Minas começaram a ser utilizados. Os equipamentos têm câmera termal, que permite a visualização de diferentes temperaturas, permitindo ver pessoas, animais e objetos com maior precisão.

Dia 29 - 22/02

Os trabalhos continuaram concentrados em áreas como o ITM e o almoxarifado, onde um corpo foi localizado no dia anterior. Os bombeiros informaram que também foi localizado uma espécie de conteiner, que funcionava como sala de reuniões, onde possivelmente havia vítimas. Os militares ainda acompanharam a drenagem da barragem B6, onde um cão sinalizou a possível presença de um corpo.

Dia 30 - 23/02

Dia sem destaques nas buscas às vítimas

Dia 31 - 24/02

Para marcar um mês do rompimento da barragem, cerca de 400 pessoas se vestiram de preto para pedir justiça em frente ao Memorial Minas Gerais Vale, em Belo Horizonte. O protesto foi organizado por ambientalistas, artistas e moradores de regiões próximas a barragens. Ao fim do 31º dia de buscas, 177 corpos haviam sido identificados; 133 pessoas seguiam desaparecidas.

Dia 32 - 25/02

1 mês após o rompimento da barragem, o foco é nas escavações.

Agora é um momento de paciência. São escavações, que têm que ter método, ter tecnologia e ter organização, Tenente-coronel Anderson Passos

Números da tragédia: Até agora, 179 mortes confirmadas e 131 desaparecidos

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