PRIMEIRA BARRAGEM DE EXPLORAÇÃO DE URÂNIO NO BRASIL, ENTENDA RISCO DE ROMPIMENTO COM RESÍDUO RADIOATIVO
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Publicado em 26/02/2019

A primeira barragem de exploração e trabalho de urânio do Brasil, localizada em Caldas, na região Sul de Minas Gerais, não tem garantia de estabilidade, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). Além disso, um estudo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) apontou que um sistema da barragem está comprometido, causando risco de erosão e, consequentemente, de rompimento. 

A barragem de rejeitos da unidade pertence às Indústrias Nucleares do Brasil (INB), empresa pública, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e que recebe verbas do Governo Federal. A área ocupa um um espaço equivalente a cem Maracanãs, contendo lixo radioativo com urânio, tório e rádio. 

Ao todo, são cerca de 12,5 mil toneladas de resíduos, que sequer começaram a passar pelo processo de descomissionamento - procedimento para a desativação de uma instalação nuclear ao final de sua vida útil. A medida, inclusive, é um pedido antigo da Justiça. Todo esse material começou a ser armazenado a partir de 1982, quando o urânio passou a ser explorado e enviado para a usina de Angra 1, em Angra dos Reis (RJ). Foram 13 anos de acúmulo, até que a atividade foi encerrada, em 1995, por não ser mais "economicamente viável", conforme a própria INB.

Desde então, a unidade passou a funcionar principalmente de forma administrativa, com o monitoramento constante da radioatividade nas águas que passam pela área e solo da região e com laboratórios de processos e análises ambientais.

Mas com o processo de descontaminação parado, os riscos em caso de rompimento seguem rondando os moradores da região e, recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a criação de um plano emergencial para a barragem.  A barragem de rejeitos tem praticamente a metade do tamanho da barragem de águas claras, com 1,97 milhões de m³ - cerca de um sexto da quantidade de Brumadinho. Ela é composta por líquidos e sólidos, com a presença de urânio e tório, que são radioativos, além de outros elementos, como alumínio, manganês e zinco. O estudo da Ufop foi encomendado após o aparelho de captação de água do reservatório apresentar um problema em setembro de 2018. O laudo apontou a necessidade de desativação desse sistema extravasor para a construção de um novo, mais moderno.

Segundo a empresa, o problema foi comunicado ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Depois o serviço de substituição foi contratado em caráter emergencial em dezembro de 2018. As obras já começaram e o término está previsto para maio de 2019. 

O que aconteceria em caso de rompimento? As duas barragens atingiriam rios que cortam a região. A de rejeitos, cairia no Ribeirão Soberbo e seguiria até o Rio Verde, depois chegando à cidade de Caldas. Já a Represa de Águas Claras atingiria o Ribeirão das Antas e seguiria cerca de 25 km até Poços de Caldas.

Recentemente, representantes de 27 cidades do Sul de Minas, do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Superintendência Regional de Meio Ambiente (Supram), do Corpo de Bombeiros e também da INB participaram de um encontro para tirar dúvidas sobre esse risco.

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