VENEZUELANOS CRUZAM FRONTEIRA REABERTA PARA COMPRAR COMIDA
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Publicado em 11/05/2019

O movimento de veículos entre o Brasil e Venezuela é intenso na manhã deste sábado (11), após a reabertura da fronteira, fechada por quase três meses. Em Pacaraima, cidade fronteiriça, veículos e pessoas voltaram a cruzar os dois países pela rota regular.

No comércio da cidade, muitos imigrantes aproveitam para comprar alimentos e remédios, para depois retornar à Venezuela. Pela manhã, carros faziam fila para entrar no país e as ruas do comércio em Pacaraima estavam movimentadas de pessoas atrás de mercadorias.

A jovem Ángel Rodríguez, de 22 anos, moradora de Santa Elena, disse que estava sem ir ao Brasil desde que a fronteira havia sido fechada.

"Não tinha coragem de vir pelas 'trochas' [caminhos clandestinos]. Agora, com a fronteira aberta, podemos fazer compras ao menos a cada 15 dias. A reabertura foi excelente para nós venezuelanos, estamos felizes e esperamos que continue assim", afirmou Ángel.

O tráfego de veículos na entrada do Brasil se intensificou depois das 9h. No posto de triagem da Operação Acolhida, que cuida do fluxo migratório, os atendimentos ocorrem dentro do normal.

Na tarde dessa sexta-feira (10), quando a fronteira foi reaberta do lado venezuelano, cerca de 400 veículos entraram no Brasil, estimou o Ministério de Abastecimento, Pecuária e Agricultura (Mapa), órgão responsável pela fiscalização na região junto com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A Acolhida registrou a entrada de 893 venezuelanos na sexta.

O inspetor mecânico Yarcorny Barrio, de 43 anos, foi um dos que cruzou a fronteira para o Brasil logo cedo neste sábado. Ele mora na Venezuela e comemorou a possibilidade de poder vir ao país fazer compras.

"Com a fronteira aberta é muito melhor para comprar. Os produtos aqui (em Roraima) são mais acessíveis. Com a fronteira fechada, a situação estava muito ruim, pois a Venezuela não está produzindo nada, o que tem lá são apenas produtos importados", afirmou.

Além dele, o venezuelano Davi Millán, de 51 anos, junto com a sobrinha Leomaris Rodriguez, de 18 anos, atravessou a fronteira caminhando da aduana até a faixa de fronteira em Pacaraima. Ele pretende seguir até a capital Boa Vista, onde vai se encontrar com a esposas e os filhos.

A situação na Venezuela está muito difícil, eu trabalhava em uma empresa de alumínio, mas pagam muito pouco para se viver no país. Graças a Deus abriram a fronteira e tivemos a sorte de passar hoje", disse.

Já Leomaris planeja seguir viagem para o Chile, onde outros tios e padrinhos estão. Os pais dela ficaram a Venezuela com uma outra irmã. "Tivemos sorte da fronteira abrir ontem. Mas a decisão de sair da Venezuela é muito difícil".

"Vamos comprar comida aqui em Pacaraima, porque a Venezuela está em crise. Estou aliviado com a abertura da fronteira", disse outro venezuelano ao seguir para o comércio local.

O empresário Rogério Aragão, de 56 anos, proprietário de um supermercado, disse que a abertura da fronteira é bastante positiva para o comércio da cidade.

"Agora está todo mundo feliz com a reabertura. Ontem o movimento foi bem 'quente', mas deve melhorar nos próximos dias, porque as pessoas que moram longe ainda não tem certeza de que a fronteira está aberta", disse o empresário.

Nas ruas de Pacaraima a grande movimentação de veículos venezuelanos não causou impacto à segurança urbana, houve "apenas desconforto no trânsito", informou a Polícia Militar.

A fronteira da Venezuela foi reaberta na tarde dessa sexta-feira (10) após ter ficado 78 dias fechada por ordem de Nicolás Maduro. A anúncio da reabertura foi feito pelo vice-presidente econômico, Tareck El Aissami.

Além das fronteiras com o Brasil, também foram abertas as comunicações marítimas e aéreas com a ilha de Aruba.

Mesmo com o fechamento, no entanto, as pessoas não pararam de cruzar os dois países e o trajeto passou a ser feito por rotas clandestinas. Os percursos poderiam levar horas e até estudantes venezuelanos que moram em Santa Elena mas estudam em Pacaraima, se arriscavam nos caminhos.

Durante o período em que a fronteira esteve fechada, empresários e políticos locais tentaram negociar a reabertura. A principal justificativa é que com o bloqueio na BR-174 Roraima estava deixando de exportar R$ 5 milhões por dia.

O fechamento da fronteira foi uma retaliação à decisão do governo do Brasil de, em cooperação com os EUA, enviar ajuda humanitária ao país a pedido do autoproclamado presidente Juan Guaidó, opositor a Maduro.

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