Calixto Luedy Filho foi condenado, no fim da noite de segunda-feira (13), a 195 anos e 9 meses de prisão, em regime fechado, pelo envolvimento na chacina de Felisburgo. Durante o interrogatório, ele negou qualquer participação nos crimes, mas foi condenado pelo homicídio de cinco pessoas, tentativa de homicídio de outras 12 e por atear fogo em casas e escola.
O julgamento foi realizado no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Calixto foi o quinto acusado desse crime a ser julgado e condenado.
A chacina de Felisburgo foi um ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em uma fazenda, em novembro de 2004, no Vale do Jequitinhonha. Segundo as investigações, os acusados atiraram em homens, mulheres e crianças. Um incêndio apontado pelo Ministério Público (MP) como criminoso ainda destruiu 27 casas e a escola do acampamento.
Um dos acusados do crime morreu. Outros quatro, além de Calixto Luedy Filho, já foram condenados. Um desses foi o dono da fazenda, Adriano Chafik, que foi condenado a 115 anos de prisão como o mandante dos crimes. Segundo o MP, ele orquestrou o ataque ao assentamento após perder na Justiça uma ação de reintegração de posse.
No mesmo julgamento, em outubro de 2013, Washington Agostinho da Silva também foi julgado culpado pelo júri popular a uma pena de 97 anos.
Chafik ficou foragido entre maio e dezembro de 2017, quando foi preso na Bahia. Ele levava uma vida de luxo em Salvador e foi preso quando saia de um flat na capital baiana. Ele continua preso.
Em janeiro de 2014, Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza foram condenados a 102 anos e seis meses de prisão pelos crimes.
Chacina de Felisburgo
Adriano Chafik se considerava dono da Fazenda Alegria em 2004, quando um grupo liderado pelo Movimento de Sem-Terra (MST) invadiu a propriedade ao saber que se tratavam de terras que eram públicas e que nunca pertenceram a um particular.
Chafik entrou com um processo na Justiça pedindo a reintegração de posse mas perdeu a ação e as terras foram demarcadas em favor dos assentados.
Segundo o MP, o fazendeiro ficou inconformado com a derrota e reuniu 14 homens que passaram a ameaçar os assentados. Em novembro de 2004, Chafik, ainda de acordo com a acusação, ordenou o ataque.
Em 2015, o então governador Fernando Pimentel (PT) desapropriou a Fazenda Alegria em um decreto que reuniu ainda outras duas propriedades, uma delas também no Vale do Jequitinhonha e outra no Sul de Minas. A medida beneficiou 352 famílias de trabalhadores rurais sem-terra.
Dos 15 réus, cinco já foram condenados. Um dos acusados, Admilson Rodrigues Lima, morreu antes de ser julgado. Outros nove réus aguardam julgamento.