O Rio de Janeiro não tem bons resultados a apresentar no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração de Crianças e Adolescentes, celebrado no sábado (18). Em média, dez menores foram vítimas de estupro por dia no estado em 2018, segundo levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP).
Foram mais de 3,7 mil casos registrados no ano passado, o maior índice deste tipo de crime contra crianças e adolescentes nos últimos cinco anos.
"Esses números são impressionantes e muito preocupantes porque é um crime muito grave. Nós estamos falando de um estupro ou adolescente, muitas vezes dentro da própria casa", afirmou o delegado titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), Adilson Palácio.
A reportagem conversou com a mãe de uma menina de 5 anos abusada sexualmente pelo filho de sua patroa em julho de 2018. Passado 1 ano do crime, ela afirmou que o episódio causou traumas e que a criança sofre.
"A nossa vida mudou completamente, mas a gente vai vivendo. Eu nem sei se teria forças para seguir em frente. É muito ruim saber que alguém mexeu na sua filha, que sua filha sentiu dor, foi muito ruim eu dar banho na minha filha e ela sentir dor, ela não querer que ninguém toque nela", afirmou a mãe, que preferiu não se identificar.
"Até hoje, é ruim ver ela acordar de madrugada gritando, assustada com as coisas. Foi muito ruim minha filha querer urinar e não poder por estar sentindo muita dor, foi ruim eu ver ela com todos os pontos. Foi tudo muito pesado, bem doloroso”, acrescentou.
Denúncias no 'Disque 100'
O Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos divulgou na última terça-feira (14) um balanço sobre as denúncias feitas ao Disque 100, em relação aos crimes contra crianças e adolescentes.
Segundo o relatório, houve queda no número de ocorrências no primeiro quadrimestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado.
O delegado Adilson Palácio afirmou que vê com cautela o índice. Para ele, pode ter havido "falta de comunicação" sobre o serviço que serve de combate aos indicadores de violência.
"A diminuição do uso do Disque 100 pode ter sido um fenômeno de falta de comunicação. Não houve a comunicação do uso desta via. As pessoas que têm conhecimento da ocorrência acabaram optando por outra via de comunicação, vão direto à delegacia ou usam Disque Denúncia. Vejo com muita cautela esses números", ponderou o delegado.