DOCUMENTO MOSTRA RISCO DE TALUDE DE BARRAGEM SE ROMPER EM BARÃO DE COCAIS DIZ MINISTÉRIO PÚBLICO - MG
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Publicado em 17/05/2019

O documento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais pela Vale, que mostra o risco de o talude da cava Gongo Soco, em Barão de Cocais, se romper a partir de domingo.

Segundo o relatório, um radar instalado na cava apontou que existe a possibilidade de deslizamento da estrutura. “As trincas no talude estão evoluindo e os dados de monitoramento demonstram que a movimentação no talude norte da cava está aumentando”, diz.

“Caso venha acontecer a ruptura no talude norte, não é possível afirmar se a vibração decorrente desta ruptura poderá causar um gatilho para liquefação da Barragem Sul Superior”, conclui.

A engenheira geotécnica Rafaela Baldi reforça que a estrutura que está se movimentando não é na barragem de rejeitos, mas o talude, que é a superfície inclinada de contenção do material da cava. “É comum que parte do talude que fica mais no alto se desprenda. O talude está ‘pelado’, foi escavado e está solto, lá em cima. Com as vibrações típicas da atividade minerária, esta estrutura vai se desestabilizando e pode cair sobre a cava. Mas, pelo alerta feito, deve ter um problema geológico na área a ser considerado” , concluiu.

Ela explicou que a cava é uma rocha que foi escavada e que, portanto, tem uma estrutura bastante resistente. “Quando a gente fala de cava, cava é material escavado em rocha, ou seja, tem uma resistência muito elevada. Mas, se por algum motivo esta resistência estiver baixa e não segurar o impacto do talude, pode ser que toda a estrutura desça e atinja a barragem, que está abaixo da cava”.

De acordo com a Vale, a cava da mina fica a 1,5 quilômetro da barragem e não há “elementos técnicos até o momento para se afirmar que o eventual escorregamento do talude Norte da Cava da Mina Gongo Soco desencadeará gatilho para a ruptura da Barragem Sul Superior”. A empresa afirmou ainda que a cava e a barragem são monitoradas 24 horas por dia.

De acordo com o porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, Tenente Coronel Flávio Godinho, a Defesa Civil está monitorando a região. Ele confirmou que recebeu a informação do deslocamento e da possível ruptura a partir de domingo. “Quando ocorre o rompimento, ocorre de forma abrupta, não dá para calcular a quantidade de material que vai cair, nem velocidade”, disse.

A preocupação, segundo Tenente Coronel Godinho, é que a Barragem Sul Superior pode romper por causa do abalo sísmico que a queda do talude pode provocar. “Qualquer movimentação do rejeito, pode fazer fenômeno de liquefação ocorrer, o que inevitavelmente ocasiona o rompimento da estrutura”, disse.

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