O relator da Comissão Especial da Reforma da Previdência passou o dia em reuniões com a equipe econômica do governo e negou a possibilidade de os parlamentares apresentarem uma proposta alternativa.
O esforço do governo é para demonstrar que não há ruptura na relação com os parlamentares. Na semana passada, depois de uma reunião na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com a participação do “Centrão”, o presidente da comissão especial chegou a dizer que havia a possibilidade de apresentação de um texto alternativo ao do governo.
Os partidos estão insatisfeitos com a articulação política do governo. Mas, neste domingo (19), Maia e o secretário da Previdência, Rogério Marinho, se reuniram e o mal-entendido foi desfeito.
Até agora, o governo gastou muita energia com ruídos na comunicação. Nesta segunda-feira (20), a equipe econômica e os articuladores tiveram que passar o dia ajustando o discurso de boa vontade com o Congresso.
A conversa do secretário da Previdência foi com o relator da proposta. Depois, os dois estiveram com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que reforçou a importância da reforma: “Estamos confiantes no trabalho do relator, estamos confiantes no trabalho do Congresso e otimistas quanto ao compromisso de conseguirmos aprovar a reforma com a potência fiscal necessária para desbloquear o horizonte de investimentos no Brasil nos próximos dez, 15 anos”.
O relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), disse que fará alterações no texto enviado pelo governo, mas afirmou que será mantida a economia da reforma, a meta de R$ 1trilhão em dez anos: “Eu vou fazer um relatório. Se tecnicamente se chamar de substitutivo, qual o problema? O importante é que é em cima de um projeto que o governo apresentou. Nós vamos fazer alterações também conversando com o governo. Vamos fazer alterações conversando com os líderes partidários”.
No Rio, cedo nesta segunda (20), o presidente Jair Bolsonaro disse que, se o Congresso tiver opções melhores para a reforma da Previdência, deve votá-las. Mas disse que a aprovação é imprescindível: “Agora o problema que nós temos lá, prezado presidente, às vezes é dinheiro. Não podemos desenvolver muita coisa por falta de recurso. Por isso, precisamos da reforma da Previdência. Ela é salgada para alguns? Pode até ser. Mas estamos combatendo privilégios. Não dá para continuar mais o Brasil com essa tremenda carga nas suas costas. Se não fizermos isso, em 2022, 2023, no máximo 2024, vai faltar recurso para pagar quem está na ativa”.
De volta ao Palácio do Planalto, Bolsonaro participou da cerimônia de lançamento da campanha pela reforma da Previdência. Apesar de ter dito, no Rio, mais cedo, que o problema do Brasil é a classe política, Bolsonaro elogiou o Congresso e sinalizou uma aproximação com os parlamentares.
“Nós valorizamos, sim, o Parlamento brasileiro, que vai ser quem vai dar a palavra final nesta questão da Previdência, tão rejeitada ao longo dos últimos anos. Agradeço ao Rodrigo Maia, presidente da Câmara, ao Davi Alcolumbre, presidente do Senado Federal, que, em conversas que temos tido, são unânimes em dizer da necessidade de aprovarmos essa Previdência. E aos parlamentares como um todo, eu quero dizer que, só não recebo mais, por falta de agenda. Mas gostaria de continuar a conversar com o maior número possível de vocês para que possíveis equívocos, possíveis melhoras, nós possamos, junto ao Parlamento brasileiro, buscá-las”, declarou.