Mais de 180 horas de gravações foram recolhidas pela polícia ao longo do trajeto que os nove suspeitos envolvidos na chacina no Guamá fizeram no dia do crime. Eles estavam a caminho do Bar da Wanda onde dispararam contra dezenas de pessoas, mataram 11 delas e deixaram uma 12ª gravemente ferida.
As imagens mostram os veículos na rua Caraparu, no bairro do Guamá. De acordo com a polícia, no carro estavam, Edivaldo dos Santos Santana, o Cabo Leonardo Fernandes de Lima e o nono suspeito cuja identidade ainda não foi divulgada pelos investigadores. O veículo foi apreendido dois dias depois em uma borracharia quando estava sendo desmontado.
Atrás do carro, o Cabo José Maria da Silva Noronha pilotava uma motocicleta e levava o Cabo Pedro Josimar Nogueira da Silva na garupa. Além deles, um informante esperava no bar: o Cabo Wellington Almeida Oliveira.
Uma conta que Wellington teve um breve relacionamento com uma das vítimas e a polícia acredita que um casal era o verdadeiro alvo dos criminosos. “Ele estava dentro da festa. Ele teve um envolvimento com ela, um pequeno namoro”, revela a testemunha que prefere não ser identificada.
E quem perdeu um familiar no dia do crime que chocou Belém, espera por respostas. “Não tem justificativa nenhuma [o crime]. Só quero respostas. O que interessa para a família é saber o porquê. Porque a gente não sabe. [Saber] não vai amenizar, mas pelo menos a gente vai saber o porquê, a motivação, porque até agora a gente não sabe de nada”.
Novos detalhes
O inquérito foi concluído pela polícia nesta segunda-feira (03) e possui mais de 800 páginas. E para os investigadores, apesar de não se saber ainda o motivo concreto para um crime tão violento, não resta dúvida sobre a autoria dos assassinatos.
Ualame Machado, secretário de Estado de Segurança Pública do Pará, explica que o bar era um local procurado no “fim de festa”.
"Esse bar abria por volta das 5h da manhã, ou seja, as pessoas iam para lá ao final da festa. Só saiam de festas e iam para lá. E a investigação focou nisso: Qual era o objetivo desse bar? Algumas vítimas foram encontradas de posse de drogas. Não há como confirmar que a dona do bar fornecia ou vendia drogas. O que se tem de informação no inquérito é que naquele bar se permitia o consumo de drogas”, detalha.
Ele também explica que os dados sobre quem participou do crime e como estão respaldados pela investigação. Eles "foram indiciadas com base no depoimento deles próprios, de testemunhas, de imagens de câmeras, de laudos periciais e com base na análise de material apreendido como armamento e telefones celulares”.
Ualame Machado assegura que “todos os indiciamentos foram feitos com muita cautela e de acordo com as provas colidas nos autos. Temos a convicção de que aquilo que foi apresentado ao Judiciário certamente o Ministério Público vai concordar e oferecer a denúncia”, acredita.
À caminho do local do crime, suspeitos fizeram o percurso:
Travessa 14 de março com rua dos Pariquis (Padaria)
Travessa 3 de maio
Rua dos Caripunas
Avenida José Bonifácio
Rua Paes de Souza
Rua Caraparu
E entraram na passagem Jambu, onde o fica o bar da Wanda.
Veja quem são os suspeitos presos por envolvimento na chacina
Edivaldo dos Santos Santana (Preso)
Aguinaldo Torres Pinto (Preso)
Jaysson Costa Serra (Preso)
Jonatan Albuquerque Marinho, “Diel” (Preso)
Suspeito não identificado (Preso)
Cabo Pedro Josimar Nogueira da Silva (Preso)
abo Wellington Almeida Oliveira (Preso)
Cabo José Maria da Silva Noronha (Preso)