A Força-tarefa da Operação Lava Jato repudiou nesta sexta-feira (21) o que chamou de "notícia falsa sobre troca de procuradores em audiência do caso triplex".
O novo trecho foi divulgado nesta quinta pelo programa de Reinaldo Azevedo na Bandnews FM e confirmado pelo site Intercept em uma rede social. Nele, o coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, teria informado a outro procurador, Carlos Fernando dos Santos Lima (hoje aposentado), que recebeu orientação do então juiz Sérgio Moro.
A nota da força-tarefa afirma que a procuradora mencionada nos supostos diálogos do dia 13/03/2017 participou daquela audiência em que o acusado era Antônio Palocci e de todas as audiências subsequentes do caso.
A nota elogia a procuradora e diz que a "atuação firme, técnica e dedicada" contribuiu para a condenação, naquele caso, de "13 réus acusados de corrupção e lavagem de dinheiro".
A nota diz que a procuradora "segue responsável por diversas investigações e ações criminais, incluindo participação em audiências".
A nota afirma que "não houve mudança na sistemática de acompanhamento de ações penais por membros da força-tarefa".
Além disso, o texto diz que a primeira audiência do ex-presidente Lula foi acompanhada pelos procuradores Júlio Noronha e Roberson Pozzobon, os mesmos que estiveram presentes nas medidas subsequentes do caso, em 04/03/16, em 14/09/16 e em 16 das 18 audiências do caso.
A nota conclui afirmando que foi usado material cuja autenticidade não foi confirmada, reforçando, segundo o MP, o aparente intuito de criar notícias às custas de publicações que distorcem supostas conversas entre autoridades.
Conversa entre procuradores
A nova conversa divulgada por Reinaldo Azevedo e pelo Intercept teria ocorrido em 13 de março de 2017, entre Deltan Dallagnol e o então procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, atualmente aposentado. Na conversa, Dallagnol repassa a Carlos Fernando uma orientação que havia recebido de Moro.
Segundo o site, após receber de Moro a sugestão sobre a procuradora, Dallagnol teria encaminhado o diálogo dele com o então juiz ao colega Carlos Fernando Santos Lima e dito, citando outros dois procuradores:
13:17:26 Deltan: Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela.
13:18:11 Carlos Fernando: Por isso tinha sugerido que Júlio ou Robinho fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer.
Ainda segundo os supostos diálogos, Deltan pede a Carlos Fernando que apague o diálogo, e o procurador segue a recomendação. Intercept ressalta o fato de que a procuradora não esteve presente no primeiro depoimento do ex-presidente Lula ao então juiz Sérgio Moro no processo do triplex do Guarujá.
Segundo Intercept, esse novo trecho mostraria que o então juiz Moro comandou a força-tarefa da Lava-Jato em violação das regras éticas e que ele teria se comportado como promotor chefe.
Questionado sobre essa nova mensagem, o ministro da Justiça disse, em nota:
"Sobre suposta mensagem atribuída ao Ministro da Justiça e Segurança Pública esclarece-se que não se reconhece a autenticidade, pois pode ter sido editada ou adulterada pelo grupo criminoso, que mesmo se autêntica nada tem de ilícita ou antiética. A suposta mensagem já havia sido divulgada semana passada, nada havendo de novo.
Na suposta mensagem não haveria nenhuma contradição com a fala do ministro ao Senado Federal, como especulado. Cabe esclarecer que o texto atribuído ao Ministro fala por si, não havendo qualquer solicitação de substituição da procuradora, que continuou participando de audiências nos processos e atuando na Operação Lava Jato."
Na quarta-feira (19), no depoimento de Sérgio Moro no Senado, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) questionou o ministro da Justiça sobre um suposto diálogo divulgado semana passada pelo Intercept.
Nesse diálogo, Moro teria dito ao procurador Deltan Dallagnol que uma procuradora é excelente profissional, mas que em audiência não ia bem. E sugere um treinamento. O senador quis saber se o então juiz orientou ou não a troca de agentes na operação.
Moro disse na ocasião que não se pode" tomar por autênticas essas mensagens". "Pelo teor das mensagens, se elas realmente forem autênticas, não tem nada de anormal nessas comunicações. Em nenhum momento no texto há alguma solicitação de substituição daquela pessoa. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências, realizando atos processuais, até hoje, dentro da Operação Lava Jato.”
Bolsonaro
Nesta sexta, Jair Bolsonaro voltou a elogiar Sérgio Moro no evento no Palácio do Planalto em que anunciou o novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antonio de Oliveira Francisco. Para o presidente, Moro "saiu mais fortalecido" após ter comparecido à comissão no Senado para comentar os diálogos. "Para mim é motivo de honra e orgulho tê-lo em meu ministério", disse.