Depois de um longo processo de redução de débitos pós-recessão econômica, o endividamento das famílias voltou a crescer e agora alcançou o maior nível em três anos, segundo dados do Banco Central. A taxa de endividamento em relação à renda acumulada em 12 meses em maio - dado mais recente - subiu para 44,04%, maior nível desde abril de 2016, quando foi de 44,2%. Em maio de 2018, a taxa era de 41,9%. No auge da crise, em abril de 2015, chegou a 46,8%. O dado inclui crédito habitacional. Em 12 meses, enquanto o endividamento total cresce 2%, sem financiamento habitacional o dado avança 2%, para 25,4%. Ao mesmo tempo, pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra aumento no número de famílias que se declaram endividadas. Elas eram 64,1% do total em julho, maior percentual desde maio de 2013 (64,3%). Na mesma época do ano passado, eram 59,6%.
O comprometimento da renda e a inadimplência, contudo, têm se mantido estáveis. Segundo o BC, a parcela da renda usada para o pagamento de dívidas (amortização e juros), incluindo financiamento imobiliário, tem girado em torno de 20% há quase dois anos.
A inadimplência da pessoa física (na carteira de recursos livres) tem oscilado entre 4,7% e 4,8%, depois ter passado boa parte de 2018 acima de 5%. Nos dados da CNC, o comprometimento declarado pelas famílias tem oscilado entre 29,5% e 29,9%.
Assim, o brasileiro está mais endividado, mas tem conseguido pagar seus débitos. A situação, contudo, é precária porque o aumento tímido do emprego tem sido puxado pela geração de vagas informais e mal remuneradas. Uma eventual piora no mercado de trabalho, na avaliação de economistas, pode deixar as famílias com menor capacidade para o pagamento dde dívidas.