Morena Beatriz resolveu nascer em um dia de caos no Rio de Janeiro. A mãe dela, Estefani Guimarães, deu à luz depois de ficar mais de três horas presa em um engarrafamento na Avenida do Contorno, um dos acessos à Ponte Rio-Niterói durante o sequestro de um ônibus na última terça-feira (20). A avó, que acompanhou toda a história, revelou que o dia começou ainda de madrugada.
“A gente pegou um Uber para ir ao hospital. Ela estava passando mal desde 3h. Ela estava sentindo dor, branca”, contou Ana Lúcia Oliveira, avó do bebê.
Além da avó e de Estefani, que é nora dela, estavam também no carro o pai da bebê, Ronald, e o filho mais novo de Ana Lúcia, de 11 anos. A família saiu de casa, em Itaboraí, às 6h. Diante do trânsito parado, a família resolveu chamar o guarda.
André Luís Taranto, do grupamento motorizado de trânsito, estava desviando o trânsito na Rua Benjamin Constant, no Barreto. Ele fazia parte do contingente deslocado para organizar o fluxo de veículos em meio à confusão.
"Veio um rapaz me pedir ajuda, dizendo que tinha uma pessoa em trabalho de parto, que estava sendo levada para o hospital. O carro não tinha como dar ré", explicou o guarda.
De moto, desviando dos carros, ele chegou ao local onde estava Estefani. “Ela foi para o hospital de moto, com aquele barrigão. Tinha uma divisória para ela pular, mas as pessoas que estavam ali ajudaram”, destacou Ana.
"Ela me disse que tinha condições de andar de moto, coloquei o capacete nela e fui até o hospital ", explicou o guarda
Estefani foi levada por Taranto para o Hospital de Icaraí. Logo depois, André voltou e buscou o filho de Ana, pai da menina. Pouco tempo depois o trânsito foi liberado.
gestante chegou à unidade de saúde às 12h40. Uma hora depois, Morena nasceu, com 2,890 kg e 47 centímetros.
“Minha primeira neta. No meio de uma confusão louca, de um dia como esse, nasceu uma vida”, destacou a avó da bebê.
André Luiz, o guarda que acudiu Estefani, ainda voltou ao hospital após o expediente, para conferir se todos estavam bem. “O guarda foi um anjo que apareceu na minha vida e na vida da minha filha”, afirmou a mãe do bebê.
Taranto, que é guarda municipal em Niterói há quatro anos, tem um filho de 11 anos: "Eu me coloco no lugar, isso mexe muito comigo. Nem pensei duas vezes, foi no automático mesmo. Uma criança bonita, foi uma alegria ter ajudado".
André tirou fotos com a bebê a mãe. Ana Lúcia agradece pela ajuda e afirma que pessoas como ele devem ser mais reconhecidas. “São pessoas que são boas, que existem e devem ser valorizadas”, finalizou.