Um oficial da Polícia Militar denunciou ao Ministério Público que uma soldado lotada no 9º BPM (Rocha Miranda) “possuía um relacionamento afetivo com o traficante Lacoste, tendo inclusive sido presenteada com um veículo novo por ele”. Lacoste é Walace de Brito Trindade, chefe do tráfico do Morro da Serrinha, em Madureira, na Zona Norte do Rio. A informação faz parte de um documento enviado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, à Justiça em 2016, que só veio a público agora, após denúncia contra policiais do batalhão ser recebida pela Auditoria Militar do Tribunal de Justiça.
Ainda segundo o depoimento do oficial que também trabalhou no 9º BPM entre 2014 e 2016, a soldado “tentou persuadi-lo a retirar a ocupação policial na Comunidade da Serrinha, pois todos os policiais militares que atuavam lá recebiam propina”. Na ocasião, com base nas informações do MP, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros determinou a prorrogação da quebra de sigilo telefônico de policiais investigados.
Há duas semanas, foi revelado que nove PMs que trabalharam no batalhão sete deles oficiais são réus por receber propina do tráfico de drogas dos morros da Serrinha, Jorge Turco e do Complexo da Pedreira. A Justiça determinou a suspensão das funções dos nove. Oito deles vão responder pelos crimes de associação criminosa e corrupção passiva. Um foi denunciado por associação para o tráfico.
Segundo a investigação, uma das oficiais, a tenente Adriana da Silva Góes Vista, era chamada de “amiga” por Lacoste em mensagens interceptadas. A investigação teve início quando a Corregedoria da PM descobriu que criminosos da Serrinha tiraram fotos armados num caveirão da unidade durante uma operação.
A Justiça, entretanto, determinou o desmembramento de pelo menos outros dois inquéritos para o prosseguimento das investigações contra outros policiais ainda não denunciados.