Vinte e um milicianos que atuam em favelas da Zona Oeste do Rio foram denunciados à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro após denúncias de moradores da região.
Entre março e agosto deste ano, mesmo sob ameaças, doze moradores da Praça Seca decidiram procurar o Ministério e dar detalhes sobre a atuação do grupo paramilitar, que vem ampliando a área de atuação entre os bairros da Zona Oeste.
Em acesso exclusivo à denúncia e conversou com um dos moradores, que teve a identidade preservada. Segundo ele, milicianos passaram a cobrar uma taxa de R$ 50 para a segurança da região.
Uma reunião chegou a ser marcada pelos moradores dos condomínios para decidirem como vão pagar o valor cobrado pelo grupo criminoso.
"O porteiro nos avisou, disse que num dia de semana eles pararam na frente do condomínio, chamaram o porteiro e deram o recado pro porteiro, mandando avisar os síndicos.", explica o morador.
De acordo com a denúncia, além da taxa de segurança, a milícia oferece outros serviços aos moradores, que temem retaliações caso não queiram adquirir os trabalhos.
"Eu entendo que a cobrança não é por segurança, porque eles, além da cobrança por segurança, eles querem vender gatonet, vender gás, água, e deixar você refém deles", explica um dos moradores do condomínio extorquido.
A cobrança feita aos comerciantes é ainda maior. Segundo as denúncias, alguns estabelecimentos foram fechados porque os vendedores não concordaram com o pagamento das taxas aos milicianos.
"Uma loja de grande porte, eles estão cobrando valores absurdos também, e por semana. Eu ouvi falar sobre cobranças de R$ 5 mil por semana dessas lojas", revela um dos moradores.
Na denúncia do Ministério Público, há o modelo de um dos boletos de pagamento entregue pelos milicianos aos moradores dos morros da Chacrinha e Covanca, em Jacarepaguá.
Em junho, moradores de um condomínio na Praça Seca foram surpreendidos com a circulação de um documento que repassava as regras impostas pela “Segurança da Região”. Na época, um dos moradores afirmou que era o primeiro mês que a cobrança era feita no prédio.