A universitária Thayane Tavares Monteiro, de 22 anos, relata que luta na Justiça há 4 anos para receber tratamento providenciado pela Prefeitura do Rio após ficar paraplégica ao ser atacada no Massacre de Realengo em 2011. No episódio, Wellington Menezes de Oliveira entrou armado na escola municipal Tasso da Silveira e matou 12 crianças.
Em entrevista, a estudante contou que os médicos afirmaram em 2011 que ela nunca mais voltaria a andar depois de ter levado quatro tiros. Ela chegou a fazer tratamento na rede pública de saúde, mas, segundo a estudante, a Prefeitura do Rio começou a falhar na assistência prestada e a família entrou com uma ação judicial.
“Eu fui diagnosticada com paraplegia, a minha lesão é T12L1L2. A primeira coisa que eles me falaram é que eu não ia conseguir voltar a andar. Não existia essa possibilidade. Os mesmos médicos que falaram isso na época, hoje eles me avaliam e dizem que existe a chance [de voltar a andar]. Eu já recuperei boa parte do movimento e já consigo até movimentar uma das pernas[após tratamento particular]”, disse Thayane.
Ela contou ainda que o atirador tentava tirar a vida de meninas e teve que se fingir de morta quando ele entrou na sala de aula que ela estava. A vítima levou quatro tiros a queima roupa e perdeu o movimento dos membros inferiores.
“Eu levei quatro tiros. Foi um no meu braço quando tentei me defender porque ele mirou para pegar na cabeça. Levei dois na barriga que alojaram na coluna e um na cintura, que bateu no meu osso. Quando bateu no osso, ela se estilhaçou e o calor da bala foi suficiente para que eu perdesse todos os movimentos da cintura para baixo”, contou Thayane, que ainda tem esperanças de voltar a andar.
Defesa fala em 'descaso com população de periferia'
O advogado de Thayane Monteiro, João Tancredo, diz que a Prefeitura do Rio fechou um acordo com a família da vítima para o pagamento de uma indenização. Esse acordo tinha uma cláusula que previa o pagamento de qualquer tratamento que Thayane precisasse para o resto da vida.
“A Prefeitura pagou uma indenização de um determinado valor e o contrato tinha uma cláusula. A cláusula no acordo previa, além da indenização, o pagamento de todo e qualquer tratamento em decorrência do fato enquanto viva fosse. A prefeitura alegou que já tinha feito o acordo e não tinha mais nada a pagar”, disse o advogado.
“Ela ficou paraplégica e precisou de diversos cuidados. Nós entramos com a ação quando a Prefeitura começou a falhar no atendimento [em 2015]. Se tivesse dado tratamento, ela estaria muito melhor. Ela já recuperou alguns movimentos, mas está sem tratamento. Isso atrasa a evolução. Isso é um descaso com a população de periferia, sempre são tratados como subcidadão”, completou João Tancredo.
Procurada a prefeitura do Rio, que informou, através da Secretaria Municipal de Saúde, que a paciente "vem recebendo atendimento sempre que solicitado, incluindo visitas médicas domiciliares, serviços de reabilitação e fornecimento de medicamentos e insumos".