ATROPELADO E MORTO PELA ESPOSA JÁ TENTAVA SEPARAÇÃO, DIZ FAMÍLIA - SP
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Publicado em 14/09/2019

Cunhada do empresário atropelado e morto pela mulher em Ribeirão Preto (SP), a advogada Inês Bittencourt Dias da Fonseca diz que a vítima não queria mais o relacionamento e havia se mudado há poucos dias para o apartamento onde o casal discutiu momentos antes do crime.

A comerciante Beatriz Azevedo Olivato, de 57 anos, foi presa na quinta-feira (12) após se apresentar à Polícia Civil. Ela é suspeita matar Fernando Azevedo Olivato, de 55 anos, no início de setembro.

Ao chegar à delegacia, Beatriz disse que o atropelamento foi um acidente. Ela não prestou depoimento ao delegado responsável pelo caso, José Luís Meirelles Junior, e foi levada à Penitenciária Feminina de Franca (SP).

Relação conturbada

Segundo a cunhada, Olivato e Beatriz moravam em um sobrado no bairro Leo Gomes de Moraes, na zona Norte, onde funcionava o mercado deles. O empresário havia deixado o imóvel no fim de agosto porque não queria mais a relação. Vizinhos contaram que as brigas ocorriam até na loja e na frente dos clientes e dos funcionários.

“Inclusive, ele havia ido para esse apartamento que é só dele. Ele trocou a fechadura e pediu que ela não o incomodasse mais, que ele não queria mais o relacionamento. Ela continuou indo lá, continuou insistindo”, diz Inês.

Ainda de acordo com a cunhada, testemunhas relataram no inquérito policial que Beatriz dopava Olivato e que ela fingia ser agredida durante as brigas do casal para incriminá-lo.

“Muitas das testemunhas que conviviam com eles disseram que ela chamava a polícia e se mutilava para dizer que era ele. Essas mesmas testemunhas relataram que ela o estava dopando com clonazepan, sete, oito comprimidos no refrigerante, no pão com salame, porque ele não queria mais o relacionamento”, afirma.

De acordo com a Polícia Civil, no dia do atropelamento, o casal discutiu no apartamento para onde Olivato havia se mudado, na Rua Horácio Pessine, no bairro Jardim Nova Aliança. Beatriz chegou a acionar a PM, deixou o imóvel após a chegada da viatura e seguiu para o carro estacionado na rua.

Suspeitas contra a comerciante

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela investigação mostram que Olivato caminha em direção ao carro da mulher, quando ela já está dentro dele. Ele não consegue entrar pela porta do passageiro, vai para a frente do carro e é atropelado por Beatriz.

“Nós acreditamos que ela tenha ligado para ele descer já com essa intenção”, diz a cunhada da vítima. O celular da comerciante foi apreendido.

Os vídeos embasaram o pedido de prisão temporária feito pela Polícia Civil. Para o delegado, conforme as imagens, em momento algum o empresário apresentou comportamento agressivo.

Inicialmente, o caso foi tratado como homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar. Após a obtenção de novas imagens de câmeras de segurança, o delegado mudou a natureza da investigação para homicídio doloso.

Meirelles Junior afirma que Beatriz deixou o local do atropelamento, mas retornou um tempo depois. Segundo o delegado, ao se aproximar, a comerciante não se identificou imediatamente como mulher da vítima.

“Somente após um popular dizer ‘temos imagem aqui no prédio, a polícia vai esclarecer’, foi quando ela se identificou como esposa.”

Beatriz também não foi ao enterro do marido. Vizinhos contam que, no dia seguinte à morte, ela esteve no mercado do casal e retirou toda a mercadoria do prédio. Foram necessários três caminhões para transportar a carga.

Defesa

Ao se entregar na quinta-feira, Beatriz afirmou que só falaria em juízo. Segundo o advogado Marcello Mesquita, a comerciante não teve intenção de matar o marido. O defensor negou que ela tivesse pretensão de fugir após a ordem de prisão expedida pela Justiça.

Sobre as afirmações feitas pela cunhada da vítima, Mesquita diz que entende a dor e o sofrimento da família, mas que prefere ficar em silêncio.

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