O homem de 36 anos morto a tiros pelo próprio sogro durante uma discussão em Praia Grande, no litoral de São Paulo, já havia sido denunciado à polícia pela companheira duas vezes. A primeira denúncia, segundo informou a Polícia Civil nesta quarta-feira (9), foi registrada em 2017, e a segunda, em junho de 2019, ambas por agressão e ameaça de morte. Nas duas ocasiões, como não houve representação penal por parte da vítima, o caso acabou sendo arquivado. A família do rapaz, por outro lado, diz que ele foi vítima de uma armadilha.
Elton Gomes da Silva foi morto pelo representante comercial Edson Claro de Almeida, de 52 anos, que está sendo procurado pela Polícia pelo crime, após a filha pedir socorro por meio de uma mensagem enviada pelo WhatsApp afirmando que o companheiro estava na casa dela a ameaçando de morte. Edson teria ido ao local e atirado contra o genro após ter sido ameaçado ao vê-lo agredindo sua filha. Ele fugiu logo após o crime.
Relacionamento conturbado
"O relacionamento deles era muito conturbado, porque um podava muito o outro. Ela o proibia de sair sem ela, e vice versa. Quando moravam juntos, um prendia o outro dentro de casa. Foi quando eles deixaram de morar juntos, mas ela não quis ir morar com os pais porque já tinha a intenção de reatar", diz a técnica química, Hellen Gomes da Silva, de 33 anos, irmã de Elton.
Em depoimento à polícia, a filha de Edson, de 28 anos, também afirmou que ela e Elton viviam um relacionamento conturbado, mas que o rapaz não se conformava com uma possível separação. No último fim de semana, ao chegar perto de casa, no bairro Sítio do Campo, a jovem diz que encontrou o companheiro observando a movimentação na rua.
Ainda segundo o depoimento dela, Elton a obrigou a entrar no imóvel e pegou uma faca, dizendo que iria matá-la. A vítima afirma que tentou acalmá-lo e falou que iria tomar banho. Assim, conseguiu enviar uma mensagem por WhatsApp ao pai relatando as ameaças.
Ao sair do banheiro, ela relatou aos policiais ter sido agredida com murros na cabeça por Elton, que também quebrou o celular dela. Minutos depois, ainda segundo a mulher, o pai dela, quando chegou, também foi atacado e ameaçado. Neste momento, o pai da jovem teria sacado da cintura uma arma e disparado na barriga do genro, que caiu. O representante comercial efetuou outro disparo e fugiu na sequência em seu carro, de acordo com a filha.
Outro lado
Hellen, irmã do rapaz que morreu, relata que a jovem sempre mandava mensagens a ele e eles se encontravam com frequência. Segundo ela, o rapaz pode ter sido levado para uma armadilha. "Tenho certeza que para ele sair de casa, a pé, na chuva, foi porque ela mandou mensagem para ele. Meu irmão foi executado, não foi legítima defesa. Foi um tiro na cabeça, um no coração e um no abdômen. Ela que foi vítima?", questiona.
Ainda segundo a irmã, a família não foi avisada da morte de Elton e soube por notícias nas redes sociais. "Ela não quis avisar nenhum de nós da família, deu o nome da minha mãe errado no hospital e não passou nosso contato. Estamos em choque. Será que ela é a santa? Cortava ele direto com faca. O pai herói é um bruto que batia na mãe, cansamos de ver ela roxa", afirma a técnica química.
Elton chegou a ser socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu. "Ela viu meu irmão morrendo e não fez nada. Ele foi baleado às 19h30 e ela chamou o Samu 22h", finaliza Hellen.
Segundo a Polícia Civil, o caso é investigado por meio de inquérito policial pelo 1ºDP de Praia Grande. Peritos encontraram o celular danificado da vítima e um projétil de arma de fogo no imóvel. Diligências estão em andamento para localizar e prender o autor do crime. Testemunhas foram ouvidas e as investigações prosseguem.