ALUNA DE DIREITO IDENTIFICA IDOSA QUE A CHAMOU DE CHINESA PORCA
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Publicado em 04/02/2020

A estudante de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro Marie Okabayashi compartilhou em sua conta do Twitter um episódio de racismo sofrido na última sexta-feira (31) enquanto viajava no metrô do Rio de Janeiro e o caso viralizou na internet. Em comversa com a Marie Claire, ela diz que escuta este tipo de comentário a todo momento, ainda que não seja, necessariamente, direcionado a ela ou ditos aos berros, como no caso de uma senhora que a chamou de "chinesa porca" no transporte público.

Ela lembra que já presenciou pessoas fazendo afirmações deste tipo em ambientes de trabalho, na faculdade, no transporte público e até mesmo em rodas de amigos, muitas vezes, mascarado em forma de "piada"

"Quantas vezes a gente não escuta que chineses são porcos, sujos e maus? Essas fake news sobre sopa de morcego e afins, criaram com o único objetivo de diminuir uma cultura e disseminar o ódio. Ou que asiático 'é tudo igual'? Dizem que amarelos não têm empatia, expressão, fetichizam e pintam as mulheres amarelas como submissas e os homens como emasculados. O Ocidente é visto como desenvolvido e o Oriente como bárbaro", descreve..

Marie, que não tem ascendência alguma com o povo chinês, declara que isso prova que este caso é racismo e explica que seu pai era descendente de brancos e negros enquanto que a mãe de amarelos, somente japoneses.

"E muito provavelmente sou tão brasileira quanto essa senhora, visto que integro a terceira geração da minha família nascida no Brasil. Então, fui xingada na frente de todos única e exclusivamente pela minha raça. Ninguém saberia diferenciar, fisicamente, um francês de um italiano, que são pessoas geralmente brancas, mas adoram falar que japoneses, chineses e coreanos são idênticos. E olha que a Ásia abarca quase três quintos da população mundial. Muita gente para enxergarmos de forma tão generalista e rasa. A mesma coisa ocorre com pessoas negras: enxergam a África, praticamente, como um país e não um continente", brada.

Ela ressalta que ninguém ousaria dizer que franceses são a “mesma coisa” que italianos porque todos reconhecem que eles têm culturas e características independentes. A estudante ainda destaca que uma das principais táticas racistas é o esvaziamento cultural e identitário: "retiram nossa identidade e nossas gigantes diferenças culturais, nos colocando num 'bolo só'".

"Por que isso acontece somente com populações não-brancas? E, como mencionado, o assunto sobre racismo, orientalismo e sinofobia está começando a ser amplamente discutido. Minha recomendação é que leiam! Leiam Bell Hooks, Angela Davis, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo, entre tantas, além de pessoas que falam especificamente do assunto, como Kemi Shimabuko, Hugo Katsuo, Cecilia Inamura, Marcia Takeuchi", enumera.

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