A cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia que a morte de Adriano Nóbrega “robustece” o pedido para federalizar as investigações do caso Marielle. Na avaliação do procurador-geral, Augusto Aras, “a cada fato novo envolvendo personagens ligados ao escritório do crime (que tem entre seus integrantes Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora e o motorista Anderson Gomes) maior a necessidade de se conduzir uma investigação afastada do estado do Rio.”
Amigos e familiares de Marielle Franco são contra a federalização e temem que a morte do miliciano reacenda o debate sobre o deslocamento da competência, que já tinha perdido, inclusive, o apoio do ministro Sergio Moro (Justiça).
Nos bastidores, procuradores querem entender se houve uma execução de Adriano Nóbrega na operação na Bahia por “queima de arquivo”-- como aponta a defesa do miliciano -- e defendem que a investigação ocorra longe do Rio de Janeiro.
Adriano Nóbrega estava foragido há um ano e foi morto no último domingo (9), após confronto com policiais na Bahia, segundo os investigadores.
Em nota, a Secretaria de Segurança da Bahia afirmou que Adriano era suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O nome do miliciano, no entanto, não consta do inquérito que investiga a morte da vereadora.
A investigação sobre a morte da vereadora corre no Rio de Janeiro -- mas a ex-procuradora geral da República Raquel Dodge pediu ao Superior Tribunal de Justiça para deslocar a competência do caso, em setembro passado.
O pedido ainda será analisado pelo STJ, e a expectativa é que o julgamento ocorra ainda neste semestre.