BR: 20 MENORES FORAM ASSASSINADOS DURANTE MOTIM DA POLÍCIA NO CEARÁ
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Publicado em 04/03/2020

Um balanço preliminar aponta que, nos nove primeiros dias do motim de parte dos policiais militares do Ceará, 20 menores de idade morreram entre eles, uma bebê de 1 ano e 11 meses e um adolescente de 12 anos.

A paralisação durou 13 dias de 18 de fevereiro a 1º de março. A Secretaria de Segurança Pública do Ceará divulgou dados contabilizados até o 26 de fevereiro. Nesse período, ocorreram 225 assassinatos em 54 dos 184 municípios do Ceará. As mortes de menores de idade representam 9% desse total.

No domingo (1º), os policiais militares amotinados votaram por encerrar a paralisação mesmo sem anistia. A desocupação dos batalhões aconteceu nesta segunda-feira (2).

Desde o início do motim, o crescimento nas mortes violentas foi de 138% na comparação com os primeiros 25 dias de fevereiro de 2019.

A média de homicídios entre 1º de janeiro e 17 de fevereiro dia anterior à paralisação dos PMs era de oito por dia. Já entre 18 e 26 de fevereiro, a média diária saltou para 24,5.

Conforme o sociólogo e coordenador da equipe técnica do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência Thiago de Holanda, é preciso haver uma apuração rigorosa de cada uma destas mortes. O comitê levantou que, se comparados iguais períodos de 2019 e 2020, houve aumento de 435% nos assassinatos de adolescentes.

"Como a dinâmica destas mortes aconteceu? O que colocamos enquanto comitê é que quando essas mortes acontecem, elas recaem nos territórios mais vulneráveis, costuma ser na periferia, onde os jovens vivem neste contexto de mais vulnerabilidade. Até o momento, temos poucas informações sobre estas mortes. É preciso uma investigação rigorosa", afirmou o sociólogo.

Ainda segundo o comitê, considerando critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) – que estabelece a adolescência até os 19 anos foram 55 crianças e adolescentes assassinados em um período de nove dos 13 dias de motim.

Entre as vítimas estão as irmãs Adrine da Silva Mendes, 17, e Andreza da Silva Mendes, de 18 anos, mortas a tiros em 21 de fevereiro, na cidade de Pacatuba. Elas conversavam na calçada de casa quando foram perseguidas e baleadas por homens armados. As duas foram atingidas quando já estavam no quintal. Nenhuma delas tinha passagem pelo Sistema Socioeducativo ou antecedentes criminais.

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