AMAPÁ VÊ EXPLOSÃO DE CASOS DE COVID E RISCO COLAPSO NO SISTEMA DE SAÚDE
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Publicado em 12/04/2020

O Amapá entrou na última quarta-feira no grupo das seis unidades da federação com mais casos do novo coronavírus por habitante. Com uma carência história de leitos hospitalares, o estado, o segundo com menor orçamento do país, enfrenta risco de colapso de seu sistema de saúde em algumas semanas.

O Amapá viu o número de pessoas infectadas quase triplicar ao longo da semana. Na segunda, eram 39 casos confirmados da Covid-19. Na última atualização do Ministério da Saúde, divulgada no último sábado, já somavam 193. Três pessoas morreram, de acordo com a pasta. Há também 737 casos suspeitos, segundo o governo estadual.

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É um número muito preocupante. Tem um estado de emergência colocado, assim como em todo o país admite Dorinaldo Malafaia, coordenador do centro de operações emergenciais em saúde pública do estado. 

A capital Macapá concentra a maior parte dos casos, com 146 ocorrências. Santana, a segunda maior cidade do estado, tem 19 e Oiapoque, na divisa com a Guiana Francesa, departamento ultramarino da França, um.

Ao apresentar o relatório epidemiológico sobre o coronavírus na quarta-feira, o Ministério da Saúde listou os estados com mais casos por 100 mil habitantes. Seis deles (Amazonas, São Paulo, Ceará , Distrito Federal, Amapá e rio) foram colocados no grupo vermelho por terem uma quantidade de infectados 50% acima da média nacional, que é de 7,5. O Amapá, que na ocasião tinha uma taxa de 12,4, era o quinto no ranking, à frente do Rio de Janeiro, com 11,2.

SUS tem pouco mais de 30 leitos em UTI

Com baixo orçamento e infraestrutura precária, o estado da região Norte deve sofrer mais do que os demais caso a curva de crescimento da doença mantenha o ritmo visto nos últimos dias. De acordo com o médico Alessandro Nunes, professor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), o estado tem problemas históricos de leitos. Pelo SUS, há pouco mais de 30 lugares em UTI para atender 90% dos 830 mil amapaenses que não possuem plano de saúde.

Trabalho aqui no estado há cinco anos e nunca vi um leito de UTI público vazio. Abre uma vaga e já tem uma pessoas na fila afirma Nunes. 

A expectativa do professor é que em duas semanas não existam mais postos para atendimentos de pacientes que necessitarem de cuidados intensivos.  

Pelas contas que fizemos na universidade com base nos dados dos outros países, o número de pacientes graves vai passar de 240 e não há estrutura para esse atendimento — avalia. 

Malafaia admite a possibilidade de colapso, mas acha que o quadro pode ser revertido se houver uma radicalização do isolamento social. 

O coronavírus arrebenta com a capacidade do estado de responder à demanda por equipamentos de saúde em qualquer lugar. Até em Nova York. Imagine no Amapá que está na periferia da periferia do capital afirma o coordenador do centro de operações emergenciais.

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