Aumento no consumo de substâncias calmantes e diminuição no uso de drogas estimulantes. Essa é a principal conclusão de estudo do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), que leva em conta o consumo de substâncias lícitas e ilícitas durante a pandemia da covid-19.

Segundo o presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de Minas Gerais (CONEAD-MG), psiquiatra e homeopata Aloísio Andrade, quando existe uma ameaça à humanidade, ocorre um mecanismo de defesa onde as pessoas ficam mais recolhidas, mais fechadas consigo mesmas.

“O processo de menos encontros sociais e diminuição a quase zero das festas e dos eventos também faz com que substâncias estimulantes diminuam a sua importância, na medida em que a pessoa, normalmente, não usa uma substância estimulante para ficar sozinho”, disse.

“O que a pesquisa mostrou foi que, dentro dessa grande ameaça que a covid-19 tem representado para a humanidade, o padrão de uso foi modificado e os calmantes, remédios para dormir, para ansiedade, e a cannabis e suas variações, como haxixe, skunk e outras fórmulas, tiveram um aumento, na medida em que as pessoas tiveram uma vivência de tensão, de preocupação, e de temores muito grandes”, completou.

O psiquiatra destacou que não há estudo semelhante no Brasil, mas revela pistas que nos levam a crer que, pelo menos até agora, também houve aumento no uso de calmantes e antidepressivos no país.

“O Conselho Regional de Farmácia e a Vigilância Sanitária do Estado estão ainda fazendo levantamentos, até porque estamos no meio da situação, com uma estabilização, mas ainda com padrões altos de contaminação. Acredito que o que vamos encontrar é um aumento no uso de substâncias lícitas”, finalizou.