BRASIL: MENINA COM SÓ MEIO CORAÇÃO É INTERNADA PARA OPERAR APÓS CARTA
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Publicado em 13/12/2020

A estudante Maria Júlia Fontenele Neves, de 11 anos, que escreveu uma carta para o Papai Noel pedindo um cateterismo de presente de Natal, foi internada em um hospital particular de Goiânia para se preparar para passar pelo procedimento. A menina tem uma cardiopatia grave, conhecida como síndrome do "meio coração", já passou por oito cirurgias e esperava há três meses por um cateterismo de urgência na rede pública.

“Estou muito feliz, cheia de esperança que vai dar tudo certo. Vai ficar tudo bem”, disse Maria Júlia.

A estudante foi internada no Hospital da Criança no sábado (12), onde passa por uma série de exames. Se tudo ocorrer bem, o cateterismo deve ser feito na próxima terça-feira (15).

A mãe da menina, Arilene Maria Fontenele, de 41 anos, lutava para conseguir o procedimento na rede pública deste setembro. Após o caso ser divulgado, a direção do hospital particular se sensibilizou com a história e vai realizar o cateterismo de graça.

“Eu estou tão feliz que nem estou cabendo dentro de mim mesma de tanta felicidade, porque a minha filha só quer ficar boa”, disse a mãe.

A mãe da menina disse, na manhã deste domingo (13), que Maria Júlia já fez exames de sangue e raio-x e está tomando uma medicação. Ela contou ainda que a filha foi recebida com "festa" no hospital: "Está muito feliz e cheia de esperança. Ela vai fazer o tão sonhado cateterismo".

Pedido ao Papai Noel

Todas as semanas, a família de Maria Júlia percorria quase 200 km de Cidade Ocidental a Goiânia, em busca de respostas do procedimento pela rede pública. Segundo a mãe da menina, o tratamento na rede particular custa cerca de R$ 150 mil, valor que a família não tinha condições de pagar.

Em entrevista à TV Anhanguera, Maria Júlia explicou que escreveu a carta ao Papai Noel porque estava difícil ir ao hospital todas as semanas. Ela disse que quer ser curada.

“É muito complicado, porque toda vez que a gente vai não acontece nada, aí escrevi a carta. Meu pedido é para ficar curada e não precisar ficar indo ao hospital todo dia”, contou.

Maria Júlia escreveu a carta na última terça-feira (8) e decidiu colocá-la na árvore de Natal da família. A mãe da menina disse que todos os anos decora a árvore com meias do Papai Noel para que a filha coloque um pedido. Segundo Arilene, o pedido deste ano a surpreendeu.

“Não acreditei. Ela já está sem esperança, porque toda semana eu falo que vai dar certo, mas não conseguimos”, comentou a mãe antes de ganhar a cirurgia.

A coordenadora da Associação Amigos do Coração, Marta Camargo, ficou sabendo da história de Maria Júlia e publicou a carta nas redes sociais, com a autorização da mãe da menina.

“Quando ela me enviou a cartinha, eu entrei em prantos e pedi a autorização para divulgar. A repercussão tem sido grande. Hoje, não é dinheiro que ela precisa, mas sim do exame”, disse.

Síndrome do 'meio coração'

De acordo com a coordenadora do departamento de cardiologia pediátrica da Sociedade Goiana de Pediatria, Mirna de Sousa, Maria Júlia tem uma cardiopatia grave chamada Síndrome da Hipoplasia do Coração Esquerdo (SHCE), também conhecida como "meio coração". Segundo a médica, o caso de Maria Júlia é grave.

 

Mirna de Sousa explicou que só o cateterismo poderá indicar o que está provocando os inchaços pelo corpo da menina e, por isso, ela precisa realizar o procedimento com urgência, para que os médicos possam planejar um tratamento adequado.

 

“Ela não está bem. Ela tem uma cardiopatia complexa, já foi submetida a várias cirurgias. Não há uma possibilidade de cura, mas a gente consegue longevidade e qualidade de vida com tratamento. O cateterismo vai descobrir o que está acontecendo para que a gente consiga definir o melhor tratamento para ela”, explicou.

Luta por tratamento

Segundo a mãe de Maria Júlia, o pedido do procedimento foi feito durante uma consulta, em 25 de agosto. No primeiro dia de setembro, a família viajou a Goiânia e foi encaminhada para o Hospital Materno Infantil (HMI).

Depois, a menina recebeu um encaminhamento para o Hugol e chegou a ser internada, no próprio HMI, para receber os medicamentos necessários antes do cateterismo, mas, no dia seguinte, segundo Arilene, a família foi informada que o procedimento não seria realizado.

A mãe de Maria Júlia contou que o HMI pediu que a paciente voltasse na outra semana, no dia 8 de setembro, para que realizasse o cateterismo nessa data. Ao chegar à capital, a família foi informada que a unidade estava sem óxido nítrico, um dos equipamentos usados no procedimento. Desde então, a família viaja de Cidade Ocidental até Goiânia semanalmente em busca de respostas.

Depois de o caso vir à tona, a Central de Regulação de Goiânia informou à TV Anhanguera, na noite de quinta-feira (10), que não havia pedidos no sistema da regulação e que o procedimento é de responsabilidade do Hugol.

Em nota, o Hugol informou, ao meio-dia de sexta-feira (11), que não recebeu encaminhamento oficial da paciente via regulação. Disse ainda que Maria Júlia precisa de um "cateterismo não convencional, com o uso de óxido nítrico, para fins de diagnóstico e planejamento de futuro tratamento" e que é necessário ela seja "regulada oficialmente ao Hugol".

Como a menina conseguiu o cateterismo na rede particular, não foi necessário continuar com a espera na rede pública.

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