Ao longo dos quatro meses de investigação do assassinato do contraventor Fernando de Miranda Iggnácio, a Polícia Civil descobriu que o planejamento da ação teve início, pelo menos, 13 dias antes do crime. No dia 29 de outubro do ano passado, Ygor Rodrigues Santos da Cruz, o Farofa, foi ao heliporto, no Recreio dos Bandeirantes, onde a vítima foi executada, solicitar um voo de helicóptero para Angra dos Reis para ele, a mulher e "crianças". Em seguida, três dias antes do homicídio, ocorrido em 10 de novembro de 2020, foi a vez de o ex-PM Pedro Emanuel D'Onofre Andrade da Silva Cordeiro, outro acusado, visitar a empresa, a pretexto de que faria um vôo panorâmico. Para os investigadores, ambos já estavam estudando o local da ação.
As informações constam de um relatório assinado pelo titular da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), o delegado Moysés Santana, encarregado do caso. O documento serviu de base para o Ministério Público denunciar seis pessoas, apontando quatro deles como executores e dois mandantes. Para a polícia, a ordem para matar Iggnácio veio do contraventor Rogério Andrade, sobrinho do bicheiro Castor de Andrade. O motivo, segundo a DH, seria a disputa entre Andrade e a vítima, genro de Castor, pela exploração das máquinas de caça-níqueis na cidade. A Justiça decretou a prisão preventiva de Andrade, do policial militar reformado Marcio Araújo de Souza, apontado como braço direito do contraventor e dos outros quatro.
No documento da DH consta ainda um extenso levantamento das Estações de Rádio Base (Erbs) que foram utilizadas pelos suspeitos de executarem Iggnácio ao utlilizarem seus celulares. A quebra de sigilo telefônico e telemático foi obtida por meio de autorização judicial. A análise revelou que, no dia 8 de novembro do ano passado, às 4h14, Pedro e o irmão, Otto Emanuel D'Onofre Andrade da Silva Cordeiro, policial militar em São Paulo, portanto, na antevéspera do crime, estavam na região do Recreio dos Bandeirantes. No dia seguinte, também passou pelo mesmo local, de acordo com a análise feita pela polícia nas antenas de integrantes da quadrilha, o cabo da PM fluminense Rodrigo Silva das Neves. Ele e Araújo são os únicos que estão presos.