HENRY: PADASTRO E MÃE DÃO VERSÕES DIFERENTES PARA A MORTE DO MENINO
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Publicado em 21/03/2021

Agentes da delegacia da Barra intimaram, neste sábado (20), as testemunhas que vão prestar depoimento na próxima semana sobre a morte do menino Henry Borel, de 4 anos.

Foram intimadas a empregada, uma babá de Henry, os médicos que fizeram o primeiro atendimento e o legista que assinou o laudo de necrópsia.

A Polícia Civil identificou informações distintas nas versões sobre a morte. As contradições foram observadas nos relatos da mãe da criança, Monique Medeiros, e o padrasto, vereador Doutor Jairinho.

Para a equipe médica, que tentou socorrer o menino, Monique contou ter acordado com um barulho no quarto e encontrou o menino caído. Nesta primeira versão, que consta no Boletim de Atendimento Médico (BAM), eles encontraram o garoto gelado, pálido e sem poder de resposta.

O padrasto chegou a pensar que a criança estava em parada cardiorrespiratória e foram para o Hospital Barra Dor, na Zona Oeste do Rio. A equipe média relata ter observado pequenos hematomas nos membros superiores, abdômen e escoriação no nariz.

Na última quarta-feira (17), em depoimento à polícia que durou 12 horas, Monique Medeiros e Doutor Jairinho, narraram como tudo aconteceu de forma muito parecida, mas diferente da versão anterior.

Se no hospital a mãe cita que um barulho no quarto do menino a acordou, no segundo relato nem Monique nem Jairinho mencionam o suposto barulho emitido pela criança em depoimento na delegacia.

Monique afirmou que acordou por volta das 3h30 com o barulho da TV ligada e foi ver o filho quando o encontrou desacordado.

O padrasto de Henry, o vereador Dr. Jairinho, contou para a polícia que ele e a mulher estavam assistindo a uma série no quarto de hóspedes para não incomodar o sono do enteado. O casal pegou no sono.

Segundo Jairinho, ele estava dormindo profundamente, à base de remédios, quando a namorada foi até o quarto do casal e encontrou Henry já caído, com os "olhos revirados e mãos e pés gelados".

Durante o trajeto até o hospital, o socorro a Henry foi feito pela mãe, Monique. Jairinho, que dirigiu até o Barra D'Or contou que, apesar de ser médico, a última vez que tinha feito massagem cardíaca tinha sido em um boneco, ainda na faculdade.

Monique acrescentou que fez uma manobra de respiração boca a boca, apesar de não saber realizar o procedimento, nos 10 minutos que separavam sua casa do hospital para onde Henry foi levado.

Além dos médicos, o pai de Henry, Leniel Borel, disse ter ouvido deles a versão que teriam ouvido um barulho. A mesma versão apresentada aos médicos.

“Cheguei no hospital e vi o médico em cima do coração do menino perguntando para mãe o que tinha acontecido. Falaram que o menino estava, houve um barulho, foi ver lá o que estava acontecendo e quando chegou lá o menino estava revirando o olho com dificuldade de respirar”, contou o pai de Henry.

Peritos discordam de versão apresentada pela mãe

Questionada sobre o laudo com a causa da morte de Henry, Monique afirmou acreditar que ele possa ter acordado, ficado em pé sobre a cama, se desequilibrado ou até tropeçado no encosto da poltrona e caído no chão.

A versão da mãe é considerada pouco provável por peritos, diante da gravidade das lesões reveladas no laudo da necropsia. São elas: hemorragia interna, laceração hepática, lesões nos rins, no fígado, pulmão e na cabeça.

“A lesão está em áreas diversas do corpo. Uma queda não proporcionaria e não há outras lesões. Acho difícil colidir cabeça, fígado, pulmão, rim, abdômen. A não ser que fosse numa queda de grande altura, aí sim você encontraria isso, mas você está relatando que as informações falam em queda em casa, na cama, acho muito improvável”, afirmou Talvane de Moraes, perito legista aposentado.

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