ENTENDA POR QUE O ARROZ CONTINUA CARO MESMO COM QUEDA DA INFLAÇÃO
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Publicado em 23/03/2021

Apesar de uma queda de 1,52% na inflação de fevereiro comparado a janeiro deste ano, o preço do arroz continua pesando no bolso do consumidor, já que o produto teve alta de quase 70% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O IPCA é o índice que mede a inflação oficial no país.

Os motivos para o arroz ter ficado mais caro foram:

Com o início da pandemia em março, mais gente ficou em casa, o que aumentou o consumo do arroz pela população.

A alta do dólar fez o mercado de exportação se tornar mais atrativo aos produtores. Com isso a oferta no Brasil diminuiu, o que acabou elevando os preços.

Do outro lado, os custos nas lavouras foram subindo, puxados principalmente pelos fertilizantes.

Em fevereiro, já com uma menos gente procurando pelo produto, com mais importações e o arroz estando em plena safra, os valores começam a cair lentamente nas prateleiras dos supermercados.

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Analistas entrevistados pelo G1 dizem que vai demorar para os consumidores voltarem a pagar o mesmo de antes a pandemia.

Veja em detalhes do que tem impactado o preço do arroz:

Por que o preço subiu?

Para entender o motivo do arroz ter disparado entre 2020 e 2021 é preciso olhar para o início da pandemia, segundo o professor da Esalq/USP e pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, Lucilio Alves.

Ele explica que, quando as restrições de circulação tiveram início, em março, a população começou a consumir mais o arroz comparado a quando tinha que fazer as refeições na rua.

Além disso, muitos acabaram adquirindo os produtos em volume até maior do que o necessário, afirma o professor.

O crescimento do consumo não foi apenas interno. O Brasil também vendeu mais arroz para o exterior.

“O preço do Brasil em dólares ainda estava atrativo no mercado internacional. Então isso contribuiu para que tivesse um incentivo do importador vir buscar o produto no Brasil”, diz.

“A receita em reais e a taxa de câmbio atrativa também fizeram com que tivesse um interesse dos produtores brasileiros em vender para o mercado internacional”, completa.

Com o crescimento da exportação, a oferta no Brasil caiu.

Em paralelo a isso, o produtor estava preocupado se a safra seria o suficiente para a demanda em 2020, como conta o assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fábio Carneiro.

“A produção não acompanhou a demanda de 2020 de arroz no mercado global”, comentou.

“No ano passado teve uma preocupação muito grande se ia faltar arroz no Brasil e isso levou a uma intensificação do período de entressafra, que é geralmente no segundo semestre”, relata o assessor. “E essa preocupação acabou pressionando ainda mais o mercado”.

Apesar deste crescimento da procura, a última safra de grãos no Brasil foi recorde, atingindo 257,8 milhões de toneladas, sendo 11,2 milhões t apenas de arroz, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Ainda que os preços estejam salgados para o consumidor final, o produtor também vem pagando caro pelo cultivo do arroz. Alves conta que, em 11 anos, apenas nos últimos três o produtor teve receita suficiente para pagar todas as contas.

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