O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta quarta-feira que a meta do governo é alcançar o patamar de um milhão de pessoas vacinadas por dia contra a covid-19 no Brasil. O médico disse acreditar que esse objetivo pode ser atingido já neste mês de abril, a partir da entrega de mais doses da CoronaVac e da AstraZeneca. De acordo com Queiroga, o país tem 37 mil salas de vacinação atualmente, que podem vacinar 2,4 milhões de brasileiros todos os dias. Ele admitiu, no entanto, que existe uma subnotificação do número de pessoas imunizadas por dificuldades de comunicação dos Estados e municípios.
O ministro falou sobre o assunto durante audiência pública que acontece agora na Câmara dos Deputados. "Não posso ser a solução [para a pandemia], vim me somar aos senhores para termos uma série de ações no enfrentamento à pandemia. As vacinas são a solução.
Temos 37 mil salas de vacinação no Brasil e elas podem vacinar 2,4 milhões de brasileiros todos os dias. O nosso principal problema é que não temos uma regularidade dessas doses de vacina. Elas são distribuídas assim que chegam ao país. Já distribuímos quase 35 milhões de doses, mas temos notificação que apenas 13 milhões foram aplicadas.
Isso não significa que as outras não foram aplicadas, há subnotificação. Precisamos de uma notificação rápida", explicou. "Nosso objetivo é atingir um milhão de vacinados por dia no Brasil e nós temos confiança que vamos atingir essa meta", completou.
Queiroga também elencou uma série de ações tomadas por ele desde que assumiu o cargo, há oito dias. Uma dessas iniciativas, admitiu, foi fazer uma "aproximação maior" com a comunidade científica, algo que vinha sendo evitado pelo governo Bolsonaro. "Já me reuni com diversos secretários estaduais e municipais de saúde para ampliar o diálogo. Abrimos uma comunicação maior com a imprensa. Tenho entrado no Ministério da Saúde pela porta da frente, que é onde o ministro tem que chegar", disse.
Além disso, o ministro concordou que a pasta tem tido dificuldade de garantir insumos para o chamado "kit intubação", necessário no atendimento de pacientes graves em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Temos problemas com insumos estratégicos para o kit intubação". O Ministério da Saúde tem sido tenaz para acompanhar os estoques da indústria farmacêutica", afirmou. "Nos preocupa o fato de termos uma mortalidade elevada, que em alguns lugares, beira os 80%. Precisamos salvar as pessoas e confortar o sofrimento. Qual é a solução? Não tem vara de condão".
O médico também comentou os problemas na distribuição de oxigênio líquido. Ele contou que o Brasil está fazendo um acordo com o Canadá para que o país tenha 50 caminhões próprios para a entrega desse insumo. "O Brasil produz oxigênio, mas a dificuldade é levar esse oxigênio na forma líquida para todo o território nacional. Estamos importando caminhões, precisamos chegar ao número de 50 caminhões e estamos fazendo acordo com o Canadá", enfatizou.
Queiroga mostrou discordância, no entanto, em relação às discussões para que a iniciativa privada também possa fazer a aquisição de vacinas e imunização das pessoas. "Pessoalmente eu entendo que o SUS deve ser o condutor da política de vacinação, mas em respeito ao Congresso e ao Palácio do Planalto temos que acolher possibilidade de a iniciativa privada trazer vacinas", disse.
Por fim, o novo ministro pediu um voto de confiança dos parlamentares. "Um dos meus primeiros atos foi publicar uma portaria que obriga o uso de máscaras dentro do Ministério da Saúde", disse, em indireta, à equipe do ex-ministro Eduardo Pazuello. "Assumi o Ministério da Saúde há oito dias, não parei um minuto e vou trabalhar para restabelecer um novo cenário [no enfrentamento à pandemia]. Não vim aqui [governo federal] para fazer política e peço um voto de confiança dos senhores", concluiu.