Pai do menino de 4 anos que ficou com o rosto desfigurado após ser agredido em Jardinópolis (SP), Vitor Manoel Zeferino, de 21 anos, diz que chorou ao ouvir do filho o que tinha acontecido. O padrasto da criança é o principal suspeito do crime tratado como lesão corporal pela Polícia Civil.
"Meu filho contou que [o padrasto] bateu nele de chinelo, de fio, deu soco nele, chute. Aí eu não aguentei. Comecei a chorar, desabar. Eu não aguentei. Não aguento".
A criança e o irmão mais velho por parte de mãe, de 7 anos, passaram por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) nesta sexta-feira (15). O Conselho Tutelar informou que cada um deles está sob a guarda dos respectivos pais.
"Ele bateu muito nos dois moleques. Bateu muito de fio, de chinelo. Ele é um monstro. Pra mim, ele tem que ir preso. Ele é um lixo. Pra mim, não é homem, não", diz Vitor.
Na sexta-feira, Vitor compareceu à delegacia acompanhado da mãe e da irmã, responsável por denunciar o caso à polícia.
Na porta da delegacia, a ex-mulher dele, Caroline de Menezes Lima, disse que encontrou as crianças feridas ao voltar para casa após o trabalho e que o companheiro dela não estava mais no local.
Até a publicação desta matéria, o suspeito não tinha sido localizado pela polícia.
Lesão corporal
Ainda no início da apuração, o delegado André Baldochi disse que o caso foi registrado como lesão corporal, mas que a tipificação pode ser alterada para tentativa de homicídio caso seja comprovado que o suspeito agiu com essa intenção.
"A criança [de 4 anos] está realmente bem machucada, os dois olhos não abrem, e há a notícia de que o irmão dessa criança também teria sido agredido pelo padrasto”, diz.
Avó paterna do menino de 7 anos, Andrea Correa diz que a mãe costuma bater nas crianças. Ela também será alvo de investigação, de acordo com o delegado.
"Ela batia nele mesmo, porque às vezes ele aparecia na minha casa todo machucado. Eu perguntava para ele e ele falava que caía, mas ela batia nele", afirma Andrea.
O depoimento das crianças também deve ajudar a polícia na investigação. Segundo Baldochi, elas serão chamadas nos próximos dias para uma oitiva especial com a participação de psicólogos.
De acordo com o conselheiro tutelar Marcos Antonio da Silva Peres, o menino de 7 anos deve passar a receber acompanhamento psicológico.
"Eles passaram no IML e agora vão encaminhar pra delegacia. Serão tomadas as medidas cabíveis, encaminhar para a escuta especializada e tomar as providências que tem de ser tomadas", diz Peres.