Coceira no couro cabeludo: entenda os possíveis Motivos
Dermatologista explica que sintomas podem ser provocados por condições como psoríase, dermatite, piolhos, fungos ou dermatoses Psicossomáticas
Publicado em 23/03/2025 13:24
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Muitas pessoas sentem o desconforto da coceira no couro cabeludo, mas não dão a devida atenção ao problema. Pois, quando o couro cabeludo coça isso pode indicar mais do que um incômodo passageiro.

Além da coceira, os sintomas como descamação, vermelhidão, inchaço ou perda de cabelo podem estar presentes.

Ignorar esses sintomas pode levar a agravação da condição e possivelmente a complicações mais sérias, dependendo do caso. É importante buscar um dermatologista quando os sintomas persistem ou se intensificam.

Com diagnóstico precoce, é possível fazer um tratamento eficaz e evitar problemas a longo prazo. “Em inúmeras doenças da pele há uma interação entre os estados emocionais e os sintomas das dermatoses. Por isso, para que se tenha a certeza da origem da coceira, há que se excluir todas as possíveis causas endógenas ou exógenas, pois o couro cabeludo é frequentemente ‘alvo’ de várias doenças dermatológicas”, explica a dermatologista Luiza Kassab Vicencio, do Hospital Israelita Albert Einstein, ao reforçar a importância de sempre buscar ajuda profissional.

Possíveis fatores

Entre as causas mais comuns da coceira estão: dermatite seborreica, psoríase, caspa, infecções fúngicas e até alergias a produtos capilares.

Embora, na maioria das vezes, o problema seja tratado de forma superficial com xampus e loções anticoceira, se a coceira for persistente, pode ser um sinal de algo mais grave.

“O risco de tratar por conta própria é a falha do diagnóstico correto e possíveis efeitos colaterais, pois a coceira às vezes pode ser devido a doenças mais graves e a demora em se diagnosticar pode atrasar o tratamento adequado”, alerta a dermatologista.

Dermatite seborreica

É uma doença inflamatória crônica e uma das principais causas de coceira. Afeta principalmente o couro cabeludo (geralmente conhecida como caspa), mas também pode se manifestar em outras áreas do corpo, como o rosto e o peito, onde há maior concentração de glândulas sebácea ( glândulas microscópicas que produzem sebo).

Entre as suas características estão vermelhidão, descamação em forma de flocos amarelados ou esbranquiçados e, muitas vezes, coceira intensa.

Segundo Kassab, essa condição pode ser desenvolvida por predisposição genética. “Para saná-la, o uso de xampus ou loções, além da lavagem frequente dos cabelos, pode ser suficiente para o controle da doença.

Porém, como se trata de uma doença crônica, os cuidados devem ser constantes. É muito importante o diagnóstico correto para que o tratamento seja eficaz”, orienta a médica.

Psoríase

Outra doença inflamatória crônica, de caráter autoimune que atinge o couro cabeludo e provoca o surgimento de manchas vermelhas e escamosas. Muitas vezes, essas manchas se transformam em placas descamativas.

As lesões podem causar coceira intensa, dor e, em alguns casos, até sangramento, dependendo do caso.

A causa da doença é desconhecida, mas fatores genéticos e ambientais como estresse, infecções e alterações climáticas, podem facilitar ou piorar o quadro. “Quando a doença atinge o couro cabeludo, o tratamento adequado é de extrema importância devido ao impacto na qualidade de vida”, frisa a dermatologista.

Piolho ou pediculose

A infestação por piolhos é um problema contagioso bastante comum, principalmente, entre crianças em idade escolar. Esses insetos se espalham facilmente pelo contato direto com a cabeça de uma pessoa contaminada ou por meio de objetos pessoais compartilhados, como chapéus e pentes.

Os principais sintomas incluem coceira intensa no couro cabeludo, devido à reação alérgica à saliva do piolho, além de vermelhidão e a presença dos insetos ou suas lêndeas (ovos) nos fios de cabelo.

“O tratamento pode ser feito por via oral (ivermectina) e também com loções e xampus, além do uso de pente fino, para remoção completa das lêndeas. Usualmente, repetimos o tratamento após uma semana”, detalha Luiza Kassab.

Fungos

Os fungos se proliferam em ambientes úmidos e quentes, como é o caso do couro cabeludo.

Os principais sintomas incluem coceira persistente, queda de cabelo, inflamação e, em alguns casos, o surgimento de crostas ou manchas vermelhas. São mais frequentes em crianças ou em indivíduos imunodeprimidos.

O tratamento envolve o uso de antifúngicos tópicos ou orais, dependendo da gravidade da infecção. “Pode ser necessário o uso de antifúngicos por um período prolongado para que se tenha a cura completa”, pontua a dermatologista.

Dermatite de contato (alergia)

A dermatite de contato no couro cabeludo é uma reação alérgica ou irritativa desencadeada pelo contato com substâncias como produtos capilares, tinturas, xampus ou até mesmo metais presentes em acessórios.

Os principais sintomas incluem vermelhidão, coceira, inchaço e, em alguns casos, descamação.

“A condição é frequentemente observada quando a pele do couro cabeludo entra em contato com um agente externo que provoca uma resposta inflamatória, como o uso de produtos tais como laquês, ceras e sprays para modelar os cabelos”, diz Luiza Kassab.

O tratamento envolve o uso de cremes ou loções anti-inflamatórias e a interrupção do uso dos produtos que causam a irritação. “A remoção das substâncias causadoras da coceira normalmente é suficiente para acalmar o prurido. A higiene pessoal é importante para remover produtos residuais e potencialmente irritativos”, pontua.

Dermatoses de origem psiquiátrica ou psicossomática

As dermatites no couro cabeludo também podem ter origem psicossomática, ou seja, ser desenvolvidas por fatores emocionais e psicológicos, como estresse, ansiedade e traumas.

Nesses casos, o corpo reage com inflamações na pele, resultando em coceira, vermelhidão e descamação.

Na dermatite factícia, a própria pessoa causa escoriações em si mesma, o que muitas vezes provoca coceira. O quadro geralmente resulta de algum distúrbio psiquiátrico.

Quando não é possível esclarecer o diagnóstico, o tratamento é realizado com medicamentos psiquiátricos. Reconhecer a origem emocional desses problemas é importante para uma recuperação completa.

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