“Foram 8 anos esperando, com muita ansiedade, com muita luta. A gente nunca desistiu, sempre [estivemos] pedindo Justiça”. Essa foi a declaração dada pelo médico Henrique Papini, de 30, na manhã desta quinta-feira (27), antes de começar o julgamento de Rafael Batista Bicalho, de 27 anos, acusado de tentativa de homicídio no 3º Tribunal do Júri, no bairro Barro Preto, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O crime ocorreu na saída da boate Hangar 667, no bairro Olhos d’Água, na região Oeste, no dia 7 de setembro de 2016. Ele relatou sobre as sequelas permanentes: perda de audição em um ouvido, paralisia facial, dificuldades de equilíbrio e fala, lacrimejamento constante e incapacidade de sorrir, o que causa sofrimento psicológico. “Eu sempre fui uma pessoa sorridente, feliz, alegre. Vou passar o resto da minha vida sem conseguir sorrir”, disse.
Segundo o inquérito da Polícia Civil, o motivo da agressão estaria relacionado a um envolvimento amoroso. Papini teria ficado com a ex-namorada de Bicalho, o que teria desencadeado o ataque.
Relatos indicam que Rafael já havia feito ameaças anteriores a Papini por conta desse relacionamento. Ele disse que nunca recebeu uma mensagem com pedidos de desculpas de Rafael. Mesmo assim, ela disse que “não guardo raiva e rancor” do engenheiro.
“Acho que quem comete esse tipo de crime tem que ser capaz de pagar por ele também. Não pode fugir das suas responsabilidades”, concluiu. Em apoio a Henrique, dezenas de pessoas foram para a porta do Fórum com faixas: “E se fosse seu filho?” e “Lugar de bandido é na cadeia”.
Defesa ao réu
Do outro lado, um grupo se manifesta a favor de Rafael usando blusas “Rafael não quis matar’’. A defesa de Rafael Bicalho, representada pelo advogado Zanoni Júnior, admite que a agressão ocorreu. No entanto, argumenta que o caso deve ser tratado como lesão corporal e não como tentativa de homicídio, como sustenta a acusação.