Em busca de repasses maiores para Minas, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Tadeu Martins Leite (MDB), foi buscar nesta segunda-feira (7) apoio do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), para dar mais musculatura ao movimento que briga por uma fatia maior dos R$ 25 bilhões do novo contrato da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Além de Casagrande, o chefe do parlamento mineiro também se reuniu com o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, Marcelo Santos (União).
"É um tema que importa e afeta tanto Minas como o Espírito Santo”, disse Tadeuzinho, que também se reuniu com outros deputados capixabas em Vitória, capital capixaba.
A agenda no estado vizinho motivou a ausência do presidente da ALMG em uma agenda do presidente Lula (PT) em Montes Claros, no Norte de Minas — base eleitoral de Tadeuzinho.
Contrato de ferrovias vence 2026
Faltando pouco mais de um ano para o fim da concessão com cifras na casa dos bilhões, Tadeu Martins Leite lidera o movimento de deputados que reivindica que Minas seja mais valorizada no contrato que será assinado com a nova concessionária. Os parlamentares questionam o direcionamento de mais verbas para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás. O governo de Minas concorda com as reivindicações dos parlamentares.
Zema já cobrou investimentos nas ferrovias mineiras em agenda com integrantes do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
O secretário de Infraestrutura de Zema, Pedro Bruno Barros de Souza, defendeu que os recursos arrecadados com a concessão das ferrovias seja destinado a uma conta separada do caixa único da União, ficando reservado para os investimentos em Minas Gerais.
O presidente da ALMG também tem atuado em busca de apoio em diferentes núcleos para defender “repasses mais justos” para Minas no novo contrato da FCA. Recentemente, Tadeuzinho levou as reivindicações de Minas presencialmente ao colega de partido, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), em Brasília.
As cobranças e os questionamentos dos deputados
Considerada uma potência em setores como mineração e no agronegócio, Minas precisa receber investimentos robustos no setor de ferrovias, disseram vários deputados à Itatiaia. Além de cobrar mais investimentos, os parlamentares estão preocupados com possíveis alterações que podem ser promovidas em caso de renovação do contrato.
Informações de bastidores dão conta que a concessionária, em caso de renovação do contrato, pode desativar algumas linhas férreas em território mineiro. Entre elas, uma linha que liga Minas à Bahia, passando pelo Norte de Minas. A desativação não agrada à bancada mineira. Os deputados temem que o “abandono” das linhas férreas possa prejudicar o escoamento da produção mineira em áreas economicamente importantes.
Os parlamentares sustentam que Minas recebeu investimentos ao longo do governo Bolsonaro em uma proporção menor do que deveria, ou seja, que não correspondia ao tamanho da malha ferroviária do estado. Insatisfeitos com os repasses, os parlamentares ressaltam que não querem que o estado seja prejudicado novamente.
Entenda a importância da FCA para o Brasil
Considerada a mais importante do país, a Ferrovia Centro-Atlântica liga regiões produtoras aos portos brasileiros. A FCA tem ramificações nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. A ferrovia corta sete estados e mais de 200 municípios brasileiros. A VLI, que tem a mineradora Vale como acionista, administra a ferrovia desde 2011.
VLI quer administrar ferrovia por mais 30 anos
Desde 2011, a ferrovia é administrada pela VLI. Conforme antecipado pela Itatiaia, a empresa, que tem a Vale como acionista, já sinalizou que deseja continuar com o contrato por mais três décadas.
No ano passado, em Minas Gerais, a VLI fez um aceno para o governo Lula. A empresa comprou 12 novas locomotivas, em um investimento de R$ 300 milhões em expansão logística da estrada de ferro. Os equipamentos foram comprados da Wabtec, indústria com sede em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. O anúncio foi feito com a presença de representantes do alto escalão do governo.
Na agenda, o CEO da VLI, Fábio Marchiori, confirmou que o investimento era um “sinal claro” de interesse de investimento da empresa na renovação da concessão da FCA.