CAMINHÃO QUE COLIDIU COM HELICÓPTERO DE BOECHAT ESTAVA 40 KM/H APONTA LAUDO DE PERÍCIA EM SP
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Publicado em 11/03/2019

Laudo do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo aponta que o caminhão que colidiu com o helicóptero que levava o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci estava a aproximadamente 40 km/h no momento da batida ao sair da praça de pedágio do Rodonel em direção à Rodovia Anhanguera. A morte de Boechat e Quatrucci completa um mês nesta segunda-feira (11).

A reportagem teve acesso com exclusividade ao documento do Núcleo de Engenharia da Polícia Técnico-Científica do Instituto de Criminalística que comprova que o veículo trafegava dentro do limite de velocidade permitido para a via. Ele analisou o tacógrafo do caminhão conduzido pelo motorista João Adroaldo Tomackeves, que sobreviveu à colisão, saindo com ferimentos leves.

Boechat e Quattrucci morreram em decorrência de politraumatismos causados pelo impacto entre o helicóptero e o caminhão, ocorrido em 11 de fevereiro.

A reportagem não conseguiu localizar o representante do Ministério Público responsável por acompanhar o caso para comentar o assunto nesta semana.

Para a Polícia Civil, que investiga o acidente, ainda não há elementos para responsabilizar alguém criminalmente pela colisão e pelas mortes. O entendimento da investigação, até então, é de que o que aconteceu foi uma “fatalidade”.

Além do laudo do IC, que atesta que o motorista estava em velocidade compatível para o trecho, outra prova corrobora com a hipótese de que não houve crime na colisão que deixou dois mortos.

Vídeo gravado por câmeras de segurança, por exemplo, mostra que o helicóptero tentava um pouso de emergência, após pane ainda não identificada pela perícia, quando se chocou com o caminhão, que saía da praça de pedágio perto de 40 km/h.

'Fatalidade'

Procurado pelo G1 para comentar o resultado do laudo do IC sobre o tacógrafo do caminhão no momento da colisão com a aeronave, o delegado que investiga o caso informou que o documento será anexado ao inquérito policial.

“Em análise é o tacógrafo, que é o equipamento que mede a velocidade do automóvel. A velocidade na hora do impacto era de 40 km/h, que é compatível com a via, o limite da via”, disse o delegado Alexandre Marcos Kerckhof Cardoso e Silva, do 46º Distrito Policial (DP), em Perus, onde o caso foi registrado.

O caminhão, que tinha equipamento Via Fácil para não parar no pedágio, estava a 80 km/h antes de se aproximar da cabine da praça no Rodoanel, segundo o laudo do Instituto de Criminalística. Depois, reduziu para 60 km/h, e em seguida 40 km/h. Na desaceleração, saiu de 20 km/h, ao passar pela cancela do pedágio, subiu novamente para cerca de 40km/h e colidiu com o helicóptero.

"As linhas desordenadas (rabiscos) impedem uma medição mais precisa e não fazem parte do funcionamento regular do equipamento (surgiram por conta do impacto do veículo com a aeronave)", informa trecho do laudo do IC sobre a leitura do tacógrafo, que aponta a velocidade em torno de 40 km/h como a que o caminhão estava no momento que colidiu com o helicóptero.

Segundo o delegado, até o momento, as provas do inquérito indicam que o acidente que deixou Boechat e Quattrucci mortos não foi criminoso.

Uma fatalidade. O piloto realizou a manobra de emergência e o motorista do caminhão também vinha em velocidade compatível

Diante disso, não há como a polícia criminalizar o motorista Tomackeves pela batida e, muito menos, pelas mortes.

“Ele [o motorista] mesmo alega que sequer teve ciência do que aconteceu. Ele foi atingido em cheio, não teve tempo de ver, freou posteriormente ao impacto, e só tomou ciência do que o atingiu depois que foi retirado do caminhão”, falou o delegado.

A reportagem não conseguiu localizar Tomackeves para comentar o assunto nesta semana. Quando prestou depoimento na delegacia, o motorista se referiu assim ao acidente: "Do nada cai uma coisa lá do céu em cima da tua cabeça."

Causas

Além das eventuais responsabilidades pelo acidente que deixou mortos, a polícia apura as causas do que possa ter causado a pane no helicóptero.

“O que a gente tem até agora: responsabilidade criminal a gente não tem a quem imputar”, disse Cardoso e Silva. “Talvez trata-se de um acidente por motivo ainda a esclarecer e o que vai restar agora é a responsabilidade civil e administrativa. Pelo menos o que a gente tem até agora, não responsabilizando criminalmente ninguém pela fatalidade.”

Policiais militares que atenderam a ocorrência no dia, uma mulher que ajudou a socorrer o motorista do caminhão, e o filho do piloto, que era sócio de Quattrucci na empresa aérea criada pelo pai, já prestaram depoimento na delegacia.

O inquérito do acidente ainda não foi concluído e depende do resultado de outros laudos. Dentre os quais, o da Aeronáutica, que apontará as prováveis causas da pane no helicóptero, até este momento desconhecidas.

Aeronautas acreditam que a aeronave de Quattrucci estava com essa velocidade média, seria seguro fazer um pouso forçado, que manteria a cápsula da aeronave intacta e poderia salvar as vidas do piloto e de Boechat.

Exames toxicológicos do Instituto Médico Legal (IML) feitos nas vítimas não acusaram nenhuma substância nelas durante o acidente.

Técnicos dos fabricantes da aeronave, a Bell Helicopter, e do motor, a Rolls Royce, acompanham o trabalho dos peritos. A turbina, por exemplo, que faz parte do motor, foi levada para ser periciada em Belo Horizonte, Minas Gerais, porque lá o fabricante possui laboratório e oficinas conveniadas.

Laudo do Cenipa sobre as prováveis causas do acidente com o helicóptero não irá apontar culpados, mas trará diretrizes de segurança no voo para evitar que novos problemas ocorram com aeronaves do mesmo tipo.

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