Passados mais de três anos após o rompimento da barragem em Mariana, a mineradora Samarco entrou com uma ação na Justiça Federal, para tentar anular algumas multas aplicadas pelo Ibama. Os valores corrigidos desde 2015 alcançam cerca de 200 milhões de reais e se referem a três autos de infração.
As penalidades foram aplicadas à mineradora devido a poluição do Rio Doce por rejeitos de minério, a interrupção de abastecimento de água, e pelo fato da área afetada ter sido considerada imprópria para ocupação humana.
As multas foram aplicadas logo após o desastre, ocorrido em novembro de 2015. A Samarco recorreu, mas em agosto de 2017, o Ibama negou as alegações e determinou o pagamento. Por conta disso, a mineradora acionou a Justiça Federal.
A CBN teve acesso à ação. No documento, os advogados alegam que há irregularidades na aplicação das infrações. A defesa cita, por exemplo, que a mineradora recebeu as mesmas multas pelo Governo de Minas, que é responsável pelo licenciamento da barragem rompida. Dessa maneira, a empresa entende que as ações foram aplicadas duas vezes.
Na ação, a Samarco pede que as multas sejam suspensas e que o Ibama fique impedido de cobrar os valores. O Procurador Federal da Advocacia Geral da União, Marcelo Kokke, responsável pela defesa nesse processo, rebateu os argumentos da Samarco. Para ele, a mineradora quer protelar o pagamento dos valores.
"O processo já foi finalizado na esfera administrativa. Em outras palavras, ela por receber a cobrança efetiva, por parte do Ibama e por parte da AGU, é que ela está buscando na esfera judicial uma maneira de se safar da cobrança efetiva e do pagamento das penalidades administrativas e ambientais. O que a Samarco tá fazendo é manejar recursos e argumentos que já foram afastados, inclusive deturpando teses jurídicas e conceitos elementares dentro do primado do direito ambiental", disse Kokke.
Segundo o procurador, a União tem até 7 dias para apresentar a defesa. Após essa etapa, o juiz Mário Franco, da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, vai dar uma decisão sobre o caso.
Em nota, o Ibama informou que aplicou mais de 350 milhões de reais em multas à Samarco, que recorreu em todos os casos. O órgão reforçou que a empresa não pagou nenhuma dessas infrações, até o momento.
O rompimento da barragem de Fundão matou 19 pessoas e contaminou o Rio Doce.
A Samarco informou em nota que desde 2017 vem efetuando o pagamento à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais de uma autuação realizada na mesma época e pelos mesmos motivos e fundamentos no valor histórico de mais de R$ 112 milhões. A mineradora ainda informa que até janeiro deste ano já foram destinados mais de R$ 5,3 bilhões somente nas ações de reparação e compensação.