A Polícia Civil de Minas Gerais informou, nesta quinta-feira (28), que pediu a prisão preventiva do tatuador Leandro Caldeira Alves Pereira, suspeito de assédio em Belo Horizonte. De acordo com a corporação, 15 mulheres formalizaram denúncias contra ele na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher da capital.
A Justiça não soube informar se o mandado de prisão já foi expedido. Segundo a Polícia Civil, o homem é suspeito de violação sexual mediante fraude, crime previsto no artigo 215 do Código Penal. A pena prevista para esse tipo de delito é reclusão de dois a seis anos.
O inquérito para investigar a conduta de Leandro, que tem um estúdio na Savassi, na Região Centro-Sul de BH, foi aberto no dia 20 de março deste ano. Cerca de 40 mulheres usaram as redes sociais para relatar episódios de assédio durante sessões de tatuagem.
A reportagem não conseguiu falar com o suspeito. Quando o inquérito foi instaurado, o tatuador Leandro Caldeira negou as acusações em uma postagem em rede social e disse à TV Globo que era inocente. "Nego tudo, sou inocente", afirmou na ocasião.
De acordo com a Secretaria de Administração Prisional (Seap) de Minas Gerais, o suspeito não havia dado entrada em nenhuma unidade prisional até a publicação desta reportagem.
As denúncias
No dia 16 de março, Duda Salabert, criadora da ONG Transvest, fez uma postagem nas redes sociais explicando que só se tatua com mulheres. Na publicação, ela perguntou aos seus seguidores se alguém já havia sofrido assédio em estúdio de tatuagem. “Eu recebi mais de 100 mensagens, envolvendo todo o estado, e mais de 40 delas foram sobre esse estúdio da Savassi”, contou a ativista.
A polícia começou a agir imediatamente após tomar conhecimento das denúncias e a delegada Larissa Mascotte assumiu o caso.
Em entrevista, uma das mulheres relatou que foi assediada em janeiro do ano passado, enquanto tinha o antebraço tatuado. “Ele colocou minha mão no colo dele, eu percebi que ele estava excitado e fazendo movimentos de vai e vem”, disse a mulher de 27 anos que prefere não se identificar. Ela contou que chamou a polícia e registrou uma ocorrência na ocasião.
Outra mulher disse à reportagem que foi fazer a primeira tatuagem dela, em 2012, na costela, e o tatuador pediu que ela ficasse sem sutiã. Além disso, ele também teria colocado a mão dela no colo dele. “Ele marcou um horário já à noite, me deixou lá umas três, quatro horas deitada, fiquei com medo de reagir. Ele jogava tinta no meu peito e ficava passando a mão para ‘limpar’”, relatou a mulher que tinha 18 anos na época.
A Polícia Civil orienta que vítimas de assédio sempre formalizem as denúncias junto à corporação. Em BH, o atendimento 24 horas da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher é realizado na Avenida Barbacena, 288, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.