TATUADOR É PRESO POR ASSÉDIO - MG
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Publicado em 01/04/2019

Uma mulher que diz ter sido vítima de assédio pelo tatuador Leandro Caldeira Alves Pereira relata que, ao procurar seu trabalho para cobrir uma cicatriz na barriga, foi informada por ele que seria preciso tirar a calcinha antes do procedimento. A afirmação foi feita em entrevista .

Leandro foi preso neste domingo (31). De acordo com a Polícia Civil, 15 mulheres formalizaram denúncias contra ele na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher da capital. Ao Fantástico, os advogados de Leandro mandaram uma nota dizendo que a prisão é infundada e que a inocência dele será provada no curso do processo, que ainda será instaurado.

Sobre o pedido de retirada de peça íntima, a mulher diz que achou "estranho". "Ele perguntou se eu poderia tirar a calcinha. Eu achei um pouco estranho e falei: 'mas não dá só pra eu abaixar?' Ele: 'seria melhor se você tirasse'. Eu não duvidei. E eu tirei a calcinha. Ele apoiou a parte do lado da mão bem em cima da minha vagina e começou a tatuar", contou ela.

O caso teria ocorrido em 2016. A mulher conta que a sessão durou 4 horas, e que chegou a ser alertada por uma amiga. "(A amiga disse) 'você foi claramente abusada.' Aí eu: 'não! Eu? Não! Não fui. Não fui, ele é famoso, nada a ver'. A gente não tá preparada. A gente não sabe o que é abuso ainda."

Ester Gavendo, diretora de uma associação que representa 30 mil estúdios de tatuagem no Brasil, alerta que, durante uma sessão de tatuagem como essa, a mulher não precisa tirar as roupas íntimas: "Pode-se baixar ela. E mesmo assim, colocar, ali, um tecido ou um pano para que proteja a intimidade do cliente."

Mãe impedida de entrar na sala

Outra mulher que falou ao Fantástico diz ter sido impedida por Leandro de acompanhar a filha, então com 16 anos, durante uma sessão de tatuagem. A jovem também diz ter sido abusada.

A mãe, que não quis se identificar e que já havia feito 10 tatuagens com Leandro, e levou a filha ao estúdio. "Ele não deixou eu subir com ela para lá. Mas como a gente tinha uma confiança. Eu falei: 'não, tá tudo bem, tudo tranquilo'."

Na segunda sessão, a mãe diz que acompanhou a filha: "Ele colocou o braço dela nas pernas dele e ela falou que sentiu ele se masturbando com a mão dela. Eu estava junto. Pra você ver como ele é tão sutil. Do lado, eu não percebi."

Outra mulher conta que ficou "paralisada" ao ter sofrido assédio também em uma sessão de tatuagem no estúdio de Leandro. "Eu cheguei lá, assim, empolgadíssima. Minha primeira tatuagem, eu queria muito fazer. Ele chegou com um banquinho, colocou aqui de frente e encaixou nas minhas costas e começou a fazer a tatuagem. E assim: no momento que ele me encaixou, assim, eu paralisei."

Gavendo condena o comportamento relatado. "O tatuador, realmente, precisa tocar você pra fazer o procedimento da tatuagem, porém, ele não precisa estar tão próximo do seu corpo," afirma. Ela ainda destacou que o tatuador não pode impedir a presença de um acompanhante durante a sessão.

A história que chegou à prisão do tatuador de 44 anos começou com as postagens nas redes sociais da professora de literatura e ativista Duda Salabert. A mensagem recebeu mais de 100 respostas:

"Desses 100 relatos, o que me chamou a atenção é que quarenta foram especificamente sobre esse tatuador com dread, no estúdio Tattoo Reggae. Usava o nome Leleco ou Leandro. E aí diziam que era ele relatos pesados, com violências sexuais", disse Duda ao Fantástico.

Desde o dia 19 de março, 15 mulheres registram boletim de ocorrência contra o tatuador, que vai responder pelo crime de violação sexual mediante fraude. De acordo com a delegada Larissa Mascotte, da Polícia Civil de Minas Gerais, as provas contra o tatuador até agora são contundentes.

"É considerado uma fraude porque ele se utilizou dessas manobras enganosas pra poder realizar esses atos libidinosos. As vítimas acreditavam que aquele comportamento, aquela posição, era necessário para a confecção do desenho e aí permitiriam aqueles toques as provas reunidas no inquérito policial até agora são contundentes. As vítimas tiveram versões uníssonas, coerentes", diz a delegada.

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