O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta quinta-feira (4), em reuniões no Palácio do Planalto, presidentes de quatro partidos: Marcos Pereira (PRB), Gilberto Kassab (PSD), Geraldo Alckmin (PSDB), Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM).
Há ainda a previsão de receber, às 16h30, o presidente do MDB, Romero Jucá.
O objetivo dos encontros é discutir a formação de uma base aliada do governo no Congresso e buscar apoio para a reforma da Previdência, tida pela equipe econômica como uma medida essencial para reequilibrar as contas públicas do país.
Juntas, as bancadas dos cinco partidos na Câmara somam 196 deputados.
Pereira foi o único presidente de partido que não falou com a imprensa após a reunião. Os demais disseram que concordam que a Previdência deve ter novas regras, mas relataram que, por ora, seus partidos não vão fechar questão (determinar que seus filiados votem a favor do tema).
Após reunião com Bolsonaro, Kassab disse que o presidente pediu apoio e “renovou” a disposição de “trabalhar pela aprovação das reformas” no Congresso Nacional.
Kassab afirmou ainda que relatou a Bolsonaro que as reformas, como a da Previdência e a tributária, são "compatíveis" com o programa do PSD. No entanto, disse que o partido não vai fechar questão (determinar que a bancada vote de determinada maneira).
"Em relação às bancadas, o partido não fechará questão, mas haverá um esforço bastante intenso no sentido de mostrar aos parlamentares a importância delas (reformas) para o Brasil", disse.
Kassab elogiou o gesto de Bolsonaro de chamar os partidos para dialogar em busca de apoio para as reformas.
"É um gesto do presidente, é uma sinalização importante, é uma conduta emblemática mostrando que ele está disposto, sim, a se envolver [na aprovação das reformas]", declarou.
PSDB
Alckmin afirmou, durante entrevista após a reunião, que o PSDB não recebeu convite para participar da base do governo. Segundo ele, a postura do partido é de "total independência" em relação Planalto.
"PSDB tem uma postura de independência em relação ao governo, não há nenhum tipo de troca, não participaremos do governo, não aceitamos cargo no governo e votamos com o Brasil", afirmou.
O presidente do PSDB relatou que disse "claramente" a Bolsonaro que o partido sempre apontou a necessidade da reforma da Previdência. Alckmin ponderou que a bancada do partido preza por justiça social, sem privilégios e com proteção aos mais pobres, e também pela responsabilidade fiscal.
O tucano relatou ainda que, na reunião, disse que o PSDB defende mudanças na proposta da reforma da Previdência enviada pelo governo ao Congresso. De acordo com Alckmin, o partido não concorda com os pontos sobre o benefício de prestação continuada (BPC) e sobre a aposentadoria rural.
"O que é importante na reforma é idade mínima e tempo de transição", disse. "BPC somos contra, como também a questão rural. Se há uma diferença de idade na área urbana, por que não há na área rural?", acrescentou.
DEM
ACM Neto disse que 'pode acontecer' de o DEM integrar a base do governo Bolsonaro
Após, a reunião, ACM Neto afirmou que as "preocupações imediatas" do DEM não passam por ser ou não da base do governo de forma oficial.
Segundo o prefeito de Salvador, o partido poderá avançar, no futuro, para integrar a base, mas ele não definiu um prazo.
"Ser base formalmente ou não, é algo que pode acontecer com absoluta naturalidade, que vai acontecer no momento em que houver deliberação da executiva do partido, mas entendo que a preocupação maior, tanto do Democratas quanto do presidente Jair Bolsonaro, não está na formalidade em dizer 'é base ou não é base' ", afirmou ACM Neto.
Sobre fechar questão na Câmara e no Senado para aprovar a reforma da Previdência, o presidente do DEM destacou que o posicionamento tem "relação direta" com o texto que chegará ao plenário da Câmara.
O DEM defende algumas mudanças no texto, mas ACM Neto não especificou quais.
"O fechamento de questão sobre a reforma, acho que tem relação direta com o texto que será votado no plenário da Câmara dos Deputados", disse.
"É claro que, se o texto que for votado no plenário tiver o apoiamento majoritário do partido, nós podemos, sim, avançar para propor o fechamento de questão em torno da reforma da Previdência", acrescentou.
'Jogar pesado'
As audiências com presidentes de partidos são os primeiros compromissos oficiais de Bolsonaro após retornar, na quarta-feira, de uma visita de quatro dias a Israel. Ainda no exterior, o presidente prometeu foco na reforma da Previdência.
“Vamos jogar pesado na [reforma da] Previdência, porque é um marco. Se der certo, tem tudo para fazer o Brasil decolar”, disse.
Após três meses de governo, o Planalto ainda não dispõe de uma base parlamentar organizada e, na semana passada, Bolsonaro teve uma troca de farpas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Um dos motivos foi o que Maia chamou de falta de articulação do governo no Congresso.
Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro repete que não deseja praticar a “velha política”, com oferta de cargos na administração pública em troca de apoio dos partidos.
Ao blog do jornalista Valdo Cruz, o ministro Onyx Lorenzoni afirmou que a intenção do presidente não barra eventuais indicações políticas para cargos de segundo escalão nos estados, desde que obedecendo a critérios técnicos.