A retomada da discussão sobre a reforma tributária provocou um novo mal-estar nos bastidores do poder. Integrantes do governo se queixaram ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre o que chamaram de "atropelo" no debate.
Maia respondeu a eles que a Câmara já trabalha com uma proposta de reforma. Acrescentou que os deputados não aceitam como interlocutor o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Isso porque Cintra usou redes sociais para criticar parlamentares.
No último dia 2, Rodrigo Maia, se reuniu com o economista Bernard Appy para montar um projeto de reforma tributária e apresentar à Câmara.
Um dia depois, integrantes da equipe econômica divulgaram que o governo quer mandar em maio um projeto de reforma tributária à Câmara, elaborado justamente por Marcos Cintra.
Ao blog, Maia disse na semana passada que o texto-base a ser discutido não será o proposto por Cintra, mas o que foi elaborado por Appy e negociado com parlamentares. O texto foi protocolado na semana passada.
Segundo apurou o blog, a apresentação da proposta, apadrinhada pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP), foi articulada nos bastidores com Rodrigo Maia.
Integrantes da equipe econômica que trabalham para pacificar a relação entre Maia e Bolsonaro procuraram o presidente da Câmara nos últimos dias. A argumentação foi a de que Maia havia "atropelado" a reforma a ser proposta por Marcos Cintra.
O presidente da Câmara, então, respondeu com a ordem cronológica dos fatos e avisou que deputados estão incomodados com as críticas de Cintra.
Um dos exemplos: Cintra foi às redes sociais dizer que o ministro da Economia, Paulo Guedes, "peitou a oposição" e "mostrou que não precisa ter apoio de ninguém para aprovar seus projetos no Legislativo".
Colegas de Cintra no Ministério da Economia disseram ao blog neste sábado (6), de forma reservada, que o secretário errou ao publicar as mensagens.
Após as conversas entre Maia e integrantes da equipe econômica, Cintra mudou o tom. Nesta sexta-feira, o secretário relatou nas redes sociais que se encontrou com Appy para "alinhar a estratégia" da reforma tributária. E disse que um "acordo entre Paulo Guedes e Rodrigo Maia para fazer a reforma tributária começou a dar frutos".
Nos bastidores, para Maia e os aliados, a mudança no tom ocorreu para que o governo não perca o protagonismo da reforma.