As buscas por desaparecidos na tragédia da Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio, entram no segundo dia neste sábado (13). Ao menos 13 pessoas são consideradas desaparecidas no local onde dois prédios desmoronaram no início do dia.
Com a localização e retirada de mais dois corpos - de um homem e de uma mulher - nesta madrugada, sete pessoas morreram soterradas. Dez pessoas ficaram feridas.
No final da noite de sexta-feira (12), os bombeiros resgataram com vida o menino de 12 anos que estava sob os escombros. Segundo a corporação, o resgate de Hilton Guilherme Sodré de Souza foi por volta das 23 horas.
Com fratura em uma das pernas e ferimentos no rosto, mas consciente, o garoto deixou o local de ambulância e foi levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea. Os pais dele, Hilton Berto Rodrigues Souza e Maria de Nazaré Sá Sodré, estão entre os desaparecidos.
Construções irregulares
Os imóveis tinham cinco andares. A Prefeitura do Rio informou que as construções são irregulares e chegaram a ser interditadas duas vezes (em novembro de 2018 e em fevereiro deste ano).
Das dez pessoas resgatadas com vida, ao menos duas foram levadas de helicóptero ao hospital. Como a região é de difícil acesso, os bombeiros tiveram de fazer uma operação especial para tirar as vítimas sem pousar em nenhum lugar.
O helicóptero ficou pouco mais de um minuto acima de um prédio, mas sem encostar na laje, que não suportaria o peso. Rapidamente, o ferido foi colocado dentro da aeronave.
Uma menina de 4 anos que morava no terceiro andar de um dos prédios saiu do local apenas com ferimentos leves. Os pais e os irmãos dela continuam desaparecidos.
Local arrasado pela chuva
O desabamento aconteceu por volta das 7h desta sexta. Não chovia no momento, mas a região sofreu com os temporais desta semana. As avenidas de acesso ainda estão alagadas.
A área onde ocorreu o acidente foi isolada, e os bombeiros disseram que outros prédios da região podem ir abaixo. No início da manhã, havia um forte cheiro de gás nas imediações.
Segundo o repórter Genilson Araújo, há cerca de 60 prédios em construção na região, que é dominada por milícias.
Reportagem do RJ2 mostrou que criminosos atuam na construção e venda de imóveis irregulares.
Processos
A Procuradoria Geral do Município diz que tem 4 processos de demolição de outros prédios naquela região, mas não puderam ser cumpridos por causa de decisões da Justiça .
Na quarta-feira, o Tribunal de Justiça confirmou uma liminar que impedia a demolição de um outro prédio na mesma comunidade onde houve o desabamento.
Na decisão, a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira afirmou que "a fiscalização do município sequer percebeu a construção do edifício, em rua principal daquela localidade".