A juíza Maria Izabel Pena Pieranti ordenou, na noite da última terça-feira (16), que o catador de materiais recicláveis Luciano Macedo seja transferido do hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, para o hospital Moacyr Carmo, em Duque de Caxias.
Luciano foi baleado no dia 7 de abril, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ao tentar prestar socorro à família do músico Evaldo Santos Rosa, que teve o carro alvejado por militares do Exército e morreu no local.
De acordo com a advogada da família Maria Isabel Tancredo, o estado de Luciano é gravíssimo e a transferência deve acontecer com urgência.
“Luciano está respirando por ventilação mecânica, usando dreno de tórax e sedativos. Ele apresenta febre recorrente, sinalizando quadro de infecção generalizada, o que pode ser fatal. A decisão estipula um prazo de 6 horas, a partir da intimação do estado e do município do Rio, para a transferência, o que deve acontecer muito em breve”, disse a advogada.
Caso a decisão da Justiça não seja cumprida nesta quarta-feira (17) será cobrada uma multa de R$ 2 mil por hora nas primeiras 24 horas e R$ 5 mil a partir de então. Neste caso, segundo a advogada, a família também solicitará que a transferência seja feita para um hospital privado e que todos os custos sejam pagos pelo poder público.
Luciano foi baleado ao tentar ajudar a família que era alvo de militares
Luciano foi baleado no dia 7 de abril, em Guadalupe, ao tentar prestar socorro à família do músico Evaldo Santos Rosa, que teve o carro alvejado por militares do Exército e morreu no local.
Na ocasião, o automóvel da família de Evaldo foi atingido por mais de 80 disparos, segundo perícia realizada pela Polícia Civil. As cinco pessoas que estavam no carro iam para um chá de bebê: Evaldo, a esposa, o filho de 7 anos, o sogro de Evaldo (padastro da esposa) e outra mulher.
Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, morreu na hora. O sogro dele, Sérgio Guimarães de Araújo, foi baleado nos glúteos e segue internado no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Seu quadro de saúde é estável. A esposa, o filho de 7 anos e a amiga não se feriram.
Dez dos 12 militares do Exército que estavam na patrulha foram presos após prestarem depoimento sobre a ação. A investigação do caso ficará a cargo da Justiça Militar.
Segundo a Polícia Civil, "tudo indica" que o veículo foi confundido com o de criminosos.