O presidente Jair Bolsonaro denunciou que sofre "sabotagens" no governo, com ministérios aparelhados e políticos inexperientes que esperavam dele resolver problemas "no peito e na raça". Em entrevista à revista Veja, publicada na manhã desta sexta-feira, o presidente criticou a influência da esquerda sobre o Ministério da Educação e até o da Defesa.
É uma luta de poder. Há sabotagens às vezes de onde você nem imagina. No Ministério da Defesa, por exemplo, colocamos militares nos postos de comando. Antes, o ministério estava aparelhado por civis. Havia lá uma mulher em cargo de comando que era esposa do 02 do MST. Tinha ex-deputada do PT, gente de esquerda... Pode isso? Mas o aparelhamento mais forte mesmo é no Ministério da Educação, disse o presidente.
Bolsonaro disse não ser contra os estudos nas escolas e universidades sobre Che Guevara, o guerrilheiro líder da Revolução Cubana, contanto que também se fale aos estudantes sobre o coronel Brilhante Ustra (apontado como torturador durante a ditadura militar). Ele reconheceu, porém, que errou ao nomear Ricardo Vélez para a Educação, sob indicação do guru Olavo de Carvalho.
Na visão do presidente, falta "patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil". Contou que sente uma pressão "muito grande" no cargo, sob as acusações de não ter governabilidade. "Mas o que é governabilidade?", questionou. Para Bolsonaro, a maioria dos parlamentares já entendeu a mudança de como se faz política em sua gestão.
Já passei noites sem dormir, já chorei pra caramba também. Angústia, né? Tá faltando o mínimo de patriotismo para algumas pessoas que decidem o futuro do Brasil, relatou. Imaginava que ia ser difícil, mas não tão difícil assim. Essa cadeira aqui é como se fosse criptonita para o Super-Homem. Mas é uma missão.