A menina de nove anos agredida pelo próprio pai a marretadas, em São Vicente, no litoral paulista, pediu para familiares que evitassem que ele se aproxime dela novamente. Mirella Andrade e a mãe, Luziane Silva, de 38 anos, estão internadas em estado grave em hospitais da região. O encanador José Diógenes de Andrade, de 47 anos, é o principal suspeito das agressões e segue foragido.
O crime ocorreu no domingo (2), na casa da família, na Rua Belo Horizonte, Vila Ponte Nova, na Área Continental da cidade. A polícia apura a motivação do ato, que segundo testemunhas, teria acontecido por ciúmes dele depois de uma publicação feita por Luziane nas redes sociais. Eles estavam separados há algumas semanas.
Segundo familiares, o casal era tranquilo e não tinha histórico de brigas, versão que também foi dita por vizinhos ao G1, que se surpreenderam com as agressões. Nas últimas semanas, porém, ele vinha tentando reatar o relacionamento, sem sucesso. No domingo, Diógenes entrou na casa e surpreendeu Luziane e a filha com as agressões.
De acordo com Claudemir Silva Galdino, conselheiro tutelar responsável pelo caso, as agressões só não foram piores pois o segundo filho do casal, de 13 anos, correu e pediu ajuda para que vizinhos salvassem a mãe e a irmã. Foram eles que acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Polícia Militar.
“Ele está sob os cuidados da família materna. A tragédia poderia ter sido pior do que foi se ele não tivesse feito isso, alertado os vizinhos sobre o que estava acontecendo”, explicou, A avó das crianças, mãe de Luziane, também precisou de atendimento médico após saber do ocorrido com a neta e a filha e passar mal.
As duas foram socorridas e levadas ao Hospital Municipal da cidade. Segundo Galdino, o caso mais grave é o de Luziane: ela precisou ser submetida a uma cirurgia de emergência devido à quantidade e complexidade das fraturas causadas pelas marretadas.
"Ela tem ferimentos no rosto, cabeça e afundamento de crânio. Passou por cirurgia e está sedada na UTI do hospital. As lesões foram feias e ela continua sob cuidados médicos", explicou. Ele também acompanhou a transferência de Mirella para o Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande.
Ela está abalada. Mesmo após o inchaço, lesões e os fortes medicamentos, ela tem momentos de consciência”, contou. Mirella acorda assustada com tudo o que aconteceu. “Ela implora para a tia para que não deixe o pai chegar perto dela, repetidamente”, disse Galdino.
Um termo de responsabilidade foi repassado para a cunhada de Luziane, que acompanha Mirella no hospital. A unidade não foi autorizada a dar informações do estado de saúde da menina. Nesta segunda-feira (3), ele enviará ofício ao juiz da Vara da Infância de São Vicente relatando o ocorrido.
O caso foi registrado como tentativa de feminicídio e violência doméstica na Delegacia Sede de São Vicente, e é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A marreta usada para o crime foi apreendida e, agora, equipes fazem buscas ao principal suspeito do crime. O suspeito ainda não foi localizado e segue foragido.