A gestação e o parto são experiências emocionantes e inesquecíveis, mas, infelizmente, para algumas mães não são apenas as boas lembranças que ficam na memória. De acordo com estudo da Universidade de British Columbia, uma a cada seis mães (17%) sofre algum tipo de mau trato durante a gestação ou o parto.
Os pesquisadores questionaram 2138 mulheres estadunidenses sobre suas experiências neste período, incluindo ter sido vítima de abuso físico ou verbal, sofrido discriminação, ter passado por condições precárias de atendimento e ter tido sua autonomia desrespeitada.
Cerca de 8,5% das mães afirmam que profissionais de saúde gritaram com elas durante a gestação ou o parto e 7,8% relatam que profissionais da saúde ignoraram, se recusaram ou não atenderam dentro de um período de tempo razoável de tempo pedidos de ajuda feitos por elas. Além disso, 5,5% das mães dizem ter sido vítimas de violência física de profissionais da saúde e 4,5% relatam ter sido ameaçadas ou forçadas a aceitar tratamentos que não queriam por profissionais da saúde.
O estudo aponta que a incidência de maus-tratos diminui consideravelmente quando as mães tem os filhos em casa. Apenas 5,1% das mães que tiveram partos domésticos relataram algum tipo de mau trato contra 28,1% das mulheres que deram à luz em hospitais. Os maus-tratos também foram mais praticados em relação a mulheres negras do que branca, mesmo levando em conta diferenças de estrato econômico. Especificamente entre mulheres de baixa renda, 27,2% das negras afirmaram ter sofrido maus-tratos contra 18,7% das brancas.
"Fatores associados a uma menor probabilidade de maus-tratos incluem ter um parto vaginal, um parto em casa, a presença de uma parteira e ser branca, já ter pelo menos um filho e mais de 30 anos", informa o estudo. “Nossos achados sugerem que os maus-tratos são vivenciados com maior frequência por mulheres negras quando o nascimento ocorre em hospitais e entre aquelas em situação de vulnerabilidade social ou econômica ou que sofrem com problemas de saúde. Os maus-tratos foram mais frequentes quando ocorreram intervenções obstétricas inesperadas e desacordos entre pacientes e profissionais”. A pesquisa foi publicada em junho deste ano no jornal científico Saúde Reprodutiva.