O traficante mexicano “El Chapo” chegou na semana passada à prisão federal ADX Florence, no Colorado, de onde não deve sair enquanto estiver vivo. Joaquín Guzmán Loera, de 62 anos, recebeu, na quarta passada, a sentença de prisão perpétua em uma corte federal americana.
A defesa de Chapo apelou da sentença, mas pode ter que esperar até um ano pelo resultado do recurso.
O lugar onde ele está, chamado informalmente de "Supermax", já foi descrito por um de seus ex-administradores como “uma versão limpa do inferno”. A prisão fica em Florence, no Colorado - a cerca de 2,3 mil km de Sinaloa, estado natal de El Chapo no México que deu o nome ao cartel que fundou.
"É remota, solitária -- os prisioneiros quase não têm interação com ninguém no mundo exterior. É arquitetonicamente projetada para ser impossível escapar", explica Duncan Levin, ex-procurador que hoje é advogado de defesa criminal.
Na Supermax, a maioria dos detentos fica cerca de 23 horas por dia sozinho em celas de menos de 8m² -- onde devem fazer refeições, tomar banho e dormir. O único conforto? Uma televisão.
"Sim, ele vai para prisão perpétua no Colorado, na Supermax - mas ele está vivo. Não é como uma das muitas vítimas sem nome e sem rosto que, por causa de uma de suas decisões, nós nunca nem saberemos quem são", aponta Ray Donovan, agente da Administração de Repressão às Drogas americana, em entrevista ao G1.
Donovan liderou as operações que levaram à prisão do traficante em 2016, e investiga o cartel de Sinaloa desde 2012. Os esforços para prender Chapo, diz, não têm precedentes - e só foram possíveis por causa da parceria com agentes mexicanos.
Durante o julgamento, além do tráfico de drogas internacional, a procuradoria citou, entre os crimes de Chapo, o assassinato ou tortura, pelas mãos do próprio traficante, de pelo menos 26 pessoas ou grupos de pessoas. Ele também drogava e estuprava, segundo relatos de testemunhas, meninas de apenas 13 anos.
“Se eu acho que a sentença foi justa? Sabendo tudo o que eu sei sobre El Chapo e o cartel de Sinaloa, sim, com certeza", afirmou Donovan.
A opinião do agente da DEA não é unânime. Especialistas ouvidos1 alertam, principalmente, para os efeitos do confinamento solitário prolongado - que, opinam, deveria acabar.