As obras de alteamento da barragem Itabiruçu, em Itabira, na Região Central de Minas Gerais, foram paralisadas pela Vale na tarde deste sábado (27). De acordo com a mineradora, houve identificação de alteração decorrente de assentamentos do terreno. Por isso, o projetista do empreendimento, em medida de segurança preventiva, recomendou a paralisação. A empresa diz que a barragem está segura e que não há qualquer risco de rompimento.
Na manhã deste domingo (28), a Vale informou que alterações podem acontecer durante esse tipo de obra. A mineradora afirma, ainda, que a barragem de Itabiruçu é construída pelo método a jusante, tido como mais seguro. Em Mariana e em Brumadinho, as barragens que se romperam eram do método chamado de alteamento a montante, que permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia.
Segundo a mineradora, os trabalhadores receberam a recomendação de ficar em casa.
De acordo com o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador da Defesa Civil de Minas Gerais, o órgão foi notificado pela Vale por volta das 22h de sábado. Ele disse ainda que não houve alteração no nível de segurança da barragem e que a Defesa Civil não terá ações diretas no local.
A Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) foi renovada em 30 de março, segundo a mineradora e a Defesa Civil.
Veja íntegra da nota da Vale:
"A Vale paralisou, no início da tarde deste sábado (28/7), as obras de alteamento da barragem Itabiruçu, em Itabira (MG), atendendo à orientação do projetista do empreendimento. A recomendação, uma medida de segurança preventiva, foi dada após a identificação de alterações decorrentes de assentamentos diferenciais no terreno, efeitos passíveis de acontecer durante este tipo de obra. O fato foi relatado aos órgãos competentes, que já vistoriaram as obras. Estudos mais aprofundados estão sendo conduzidos e, em caso de necessidade, medidas corretivas serão tomadas.
Importante ressaltar que não há, portanto, qualquer alteração nos índices de segurança e estabilidade da barragem Itabiruçu. Cabe ressaltar que a barragem é construída pelo método a jusante, considerado o mais seguro. A Vale realiza o monitoramento integral da estrutura, que teve sua Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) renovada em 30 de março deste ano."
Justiça
Em abril, a Justiça determinou que a Vale comprovasse regularidade e a segurança das barragens nos complexos Conceição e Mina do Meio em Itabira. A decisão incluía as barragens Conceição, Itabiruçu e Rio do Peixe, no complexo Conceição; e Cambucal I e II e Três Fontes, no Complexo Mina do Meio. O pedido foi feito pelo Ministério Público.
Temor pelo fim da exploração em Itabira
Itabira, berço da Vale, corre contra o relógio para encontrar alternativas que diminuam o impacto do fim da exploração de minério de ferro pela Vale. De acordo com o relatório 20F, destinado ao mercado internacional e publicado pela empresa em 2017, a previsão é que as minas Conceição 1 e 2 cheguem à exaustão em dez anos. No fim de 2018, o G1 mostrou que a exploração das minas de Itabira representava pouco mais de 9% da produção total da Vale. São cerca de 43 milhões de toneladas por ano. A mineradora informou, na ocasião, que não pretendia sair de Itabira, mas se preparava para mudar o seu negócio. A ideia é que as usinas sejam usadas para beneficiar o minério de todo quadrilátero ferrífero em Minas Gerais.