IDENTIFICADOS NO RIO 23 MORTOS POR MILÍCIA E NÚMERO PODE CHEGAR A 100
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Publicado em 30/07/2019

A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou 23 vítimas da milícia conhecida como Caçadores de Gansos, que age em Queimados, na Baixada Fluminense.

O grupo paramilitar foi alvo da Operação Hunter, dia 18, que prendeu o ex-secretário de Defesa Civil Davi Brasil Caetano - também vereador eleito pelo Avante - e mais 20 pessoas.

Investigadores acreditam que possa haver ossadas de outros corpos no local onde foi encontrado um cadáver carbonizado. A quantidade de assassinatos cometidos pelo grupo criminoso pode chegar a 100.

Com o avanço das investigações, a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) fará buscas para encontrar cemitérios clandestinos e outros lugares onde possam estar os corpos das vítimas.

"Nessa segunda etapa, a gente vai focar na localização de corpos e vítimas que não chegaram ao nosso conhecimento. Vamos procurar cemitérios clandestinos para tentar fazer um levantamento mais preciso", explicou o delegado Leandro Costa, responsável pelo caso.

Segundo um levantamento da DHBF, foram encontradas pelo menos 20 fotos publicadas no Facebook de pessoas que foram mortas pelo grupo no período entre 2016 e 2017.

As vítimas foram identificadas, e os corpos, encontrados durante investigações anteriores da própria delegacia em Queimados, local principal de atuação do grupo.

As mortes eram discutidas até em grupos de Whatsapp, segundo informações do Ministério Público.

Além desses 20 corpos, foram encontrados mais três, chegando a um total de 23 vítimas de homicídios com participação comprovada dos Caçadores de Ganso. São elas:

Márcio Wagner Alves, vulgo Japão (decapitado);

Ronaldo Cabral Álvares, vulgo Coringa;

Um corpo carbonizado, não identificado.

Os corpos de Márcio e Ronaldo foram encontrados depois que a polícia encontrou sangue e um facão dentro do porta-malas de um carro que estava num condomínio dominado pela milícia. A polícia descobriu que as execuções foram filmadas.

Houve ainda um aumento de vítimas depois de 2018, já que, de acordo com as investigações da DHBF, a milícia começou a ocultar os corpos e a agir de forma mais discreta.

O Ministério Público afirma que o grupo também agia nos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, em Queimados.

Segundo os documentos, os Caçadores de Ganso praticavam crimes como:

Exploração de mototáxis;

Comercialização ilegal de cestas básicas;

Interceptação e distribuição clandestina de sinal de TV a cabo;

Revenda ilegal de gás;

Assassinatos;

Extorsão.

O grupo lucrava até com Kit-Churrasco, como mostraram as investigações.

O vereador Davi Brasil Caetano, preso durante uma operação este mês, era considerado "onipresente" na região do condomínio. Ele era, segundo o MPRJ, chefe da milícia no bairro São Jorge, onde ficava o Condomínio Ulysses Guimarães, no qual os Caçadores de Ganso começaram a atuar.

O modelo foi levado para outros condomínios, como Eldorado e Valdariosa.

Em uma conversa, Thiago da Costa, denunciado pelo MP, relata que foi à Rua Aquidauana para verificar um ponto de venda de drogas junto com Davi. Quem estava no local foi espancado e ameaçado de morte, segundo a denúncia.

Davi, segundo a ligação interceptada de Thiago com autorização da Justiça, saiu do carro com a pistola na mão. Duas pessoas foram espancadas pelo vereador, que disse em seguida:

“Da próxima vez que eu chegar aqui, 'vai morrer' os dois, pode ir metendo o pé, não quero p*rra nenhuma aqui”.

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