TENSÃO E AGRESSÃO NO RIO " COMO ENTERRO ACABA COM TIROS DE PM "!
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Publicado em 12/10/2019

Após o fim do enterro do jovem Kelvin Gomes, de 17 anos, que teve início às 16h desta sexta-feira, o clima já era de tensão. No entorno do cemitério, cerca de 10 viaturas do 41º Batalhão (Irajá) reforçavam a segurança. Ao fim do sepultamento, entre os familiares e amigos as palavras ditas eram de dor e revolta. Um cortejo com 100 pessoas deixou o local em direção à Avenida Monsenhor Félix. Lá o grupo chegou até a rua e fechou o trânsito.

Poucos minutos depois, o cortejo disparava palavras de ordens contra a Polícia Militar e também contra o governador Wilson Witzel. Eles foram em direção à entrada da favela Pára-Pedro, onde Kelvin morava e foi morto. Foi então que parte do grupo tentou parar um ônibus e foi impedido por um dos policias militares que acompanhavam o protesto. Um tiro foi ouvido nesse momento, mas não foi possível identificar quem fez o disparo. A confusão começa neste momento, por volta das 17h.

O coletivo conseguiu seguir viagem. Pouco depois, iniciou-se a discussão entre os PMs e os moradores. Cerca de quatro policiais se afastaram da multidão, enquanto um deles, visivelmente nervoso, continuava a bater boca, sempre com o fuzil apontado para a multidão.

Não me cerca dizia o agente, que, por diversas vezes, se aproximava sozinho, até o meio do grupo.

Momentos depois, o policial flagrado pelo EXTRA vai em direção a um jovem de camisa preta, que estava a cerca de 10 metros de distância e lhe dá um chute. O agente percebe a chegada de um outro homem pelo seu lado esquerdo e efetua o primeiro disparo de fuzil.

A tensão continua: um motorista de um carro preto, que não estava participando do protesto, mas passava ao lado, deixa o veículo e pede calma a todos. É neste momento que um outro PM se aproxima e tenta afastar o agente que efetuou o disparo. Em vão. Ele continua nervoso, vai até o carro que havia acabado de parar, discute com o motorista e efetua o segundo disparo de fuzil, a uma distância muito pequena dos manifestantes.

Novamente, o outro militar mais calmo tenta afastá-lo da confusão. Aos poucos, o agente vai recuando, mas dispara pela terceira vez, desta vez para o alto, e mais distante das outras pessoas. Ele se abaixa e pega a cápsula que caiu do fuzil com o disparo. Em seguida, cerca de 5 metros afastado dos manifestantes, ele se agacha, como estivesse se protegendo, e recua. Outros policias chegam e pedem calma ao PM.

Mais a frente, já na Estrada do Campinho, alguns manifestantes conseguiram depredar um ônibus da linha 562. Além de quebrarem alguns vidros do coletivo, levaram a chave: o que impedia o motorista de retirá-lo do local. O ônibus só foi removido três horas depois, com o auxílio de um reboque.

Já na entrada da comunidade Pára-Pedro, três barreiras de lixo foram incendiadas. Os policiais usaram duas bombas de efeito moral, que dispersaram o protesto. O trânsito na região só foi normalizado quatro horas depois, às 21h.

Manifestantes colocaram fogo em objetos na Rua Colégio, em IrajáManifestantes colocaram fogo em objetos na Rua Colégio, em Irajá Foto: MARCELO THEOBALD / Agência O GLOBO

Em nota, a PM informou que o agente foi preso em flagrante e levado à 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). Ele será avaliado e acompanhado pelo setor de psicologia da corporação.

Leia a nota da PM na íntegra:

"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na tarde desta sexta-feira (11/10), equipes do 41º BPM (Irajá), por medida de segurança, acompanhavam o sepultamento do jovem Kelvin no cemitério de Irajá.

Após o enterro, um grupo que participava do cortejo obstruiu a via e depredou um ônibus que passava pela Avenida Monsenhor Felix. Policiais intervieram e resgataram o motorista do ônibus. Houve um princípio de tumulto, momento em que um dos policiais se descontrolou e realizou disparos de arma de fogo. O militar foi preso em flagrante e encaminhado à 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). Ele será avaliado e acompanhado pelo setor de psicologia.

O comando da Polícia Militar reitera que a conduta do policial não é condizente com os protocolos de atuação instruídos e empregados pela Corporação. A PMERJ reafirma ainda o seu compromisso em não tolerar ações descabidas de seus integrantes, punindo com rigor os envolvidos em tais incidentes.

Os vídeos que circulam nas redes sociais estão sendo analisados e serão utilizados na apuração da Corregedoria."

 

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